Dólar sobe a R$ 4,96 com aposta em diferencial de juros menor e fim de ano
Investidores digeriram dados de inflação, antes das reuniões de juros no Brasil e nos EUA
O dólar à vista subiu nesta terça-feira, 12, 0,60% em relação ao real, a R$ 4,9664, o maior fechamento desde 1º de novembro (R$ 4,9730). Profissionais atribuem a alta à visão de um diferencial de juros menor, com possibilidade de cortes maiores da Selic aqui e expectativa de juros estáveis por mais tempo nos Estados Unidos. Mas o movimento também refletiu a pressão sazonal de fim de ano sobre o real, com remessas de dividendos para o exterior.
Aqui, a divisa abriu em queda e chegou a tocar a mínima de R$ 4,9233 (-0,28%) pela manhã, acompanhando a tendência de enfraquecimento global da moeda. Mas diminuiu o ritmo de queda após as 10 horas, quando foram divulgados os dados da inflação ao consumidor (CPI) americana. A partir do fim da manhã, firmou-se em alta, chegando até a máxima de R$ 4,9733 (+0,74%) em meados da tarde.
A inflação americana subiu 0,1% em novembro, na comparação com outubro, enquanto o consenso dos analistas era de variação zero. Esses dados sugeriram que o Federal Reserve (Fed) poderá ter de aguardar mais para começar a reduzir os juros. Pouco mais cedo, às 9 horas, o IBGE informou que o índice oficial de inflação do País, o IPCA, subiu 0,28% em novembro, pouco menos do que indicava o consenso do mercado (0,29%).
“Me parece um trade de carrego menor, porque o IPCA está sugerindo que o Banco Central pode cortar 0,75 ponto porcentual, enquanto o CPI mostrou que o cenário de ‘higher for longer’ juros altos por mais tempo dos Estados Unidos está ficando mais provável”, afirma o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi. “O dólar aqui ficou descolado do exterior, e os juros futuros caíram bem por aqui.”
Amanhã, o Fed e o BC brasileiro anunciam decisões de política monetária. Nos Estados Unidos, a expectativa é de manutenção dos juros na faixa de 5,25% a 5,50%, mas o mercado prestará atenção aos sinais do presidente do Fed, Jerome Powell, sobre o futuro. Aqui, o mercado espera uma redução da taxa Selic, de 12,25% para 11,75%, e vai buscar no comunicado do Copom sinais sobre os próximos passos.
O chefe da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, afirma que a saída de recursos sazonal de fim de ano também pode ser responsável pela valorização do dólar em relação ao real hoje. “Tem um fluxo negativo, de remessa de dividendos, que pega no final do ano, além de um pouco de queda de commodities”, diz. Hoje, o petróleo caiu entre 3,80% (WTI) e 3,67% (Brent). O futuro da soja para janeiro cedeu 0,92% na Bolsa de Chicago.
O noticiário doméstico teve pouco impacto nos negócios hoje, segundo profissionais do mercado. Investidores ainda monitoram o andamento das medidas propostas pelo governo para turbinar a arrecadação de 2024. A comissão mista que analisa a medida provisória das subvenções do ICMS adiou para amanhã a reunião em que será apresentado o relatório final da proposta, devido à falta de acordo entre o Ministério da Fazenda e os parlamentares.