Dólar segue exterior e fecha em queda com atenções voltadas ao Fed
De forma geral, o mercado doméstico de câmbio segue instável, enquanto investidores se preparam também para a decisão do Copom na próxima semana
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou em queda nesta segunda-feira, com as vendas da moeda no exterior se estendendo às operações locais num dia de retomada de apetite por risco e na antevéspera da decisão de política monetária nos Estados Unidos.
De forma geral, o mercado doméstico de câmbio segue instável, enquanto investidores se preparam também para a decisão do Copom na próxima semana.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,68%, a 5,1748 reais na venda. A moeda oscilou de 5,231 reais (+0,40%) a 5,1522 reais (-1,11%).
Lá fora, o dólar cedia 0,3%, com um bom número de moedas de perfil semelhante ao do real ganhando terreno. Indicando maior demanda por ativos arriscados, as bolsas de valores nos EUA subiram, o ouro caía e o petróleo fechou em alta.
O foco total dos agentes financeiros está nas sinalizações a serem dadas pelo Federal Reserve (Fed, BC dos EUA) na quarta-feira, especialmente num momento em que o mercado enfrenta renovados temores da pandemia e potencial impacto sobre uma economia que produz números mais altos de inflação.
Analistas do Citi esperam que o Fed seja de forma geral neutro e, por isso, veem sentimento de risco ainda positivo, preferindo vender dólar em momentos de alta da moeda.
O índice do dólar sobe 3,3% desde as mínimas de junho. A perspectiva global para a moeda é importante para análises sobre a performance do real no Brasil devido à correlação entre as divisas. Relatório do Morgan Stanley mostra que o real tem o beta (uma medida de sensibilidade) mais alto em relação ao dólar dentre uma lista de divisas emergentes.
Uma semana após a decisão do Fed, será a vez de o Comitê de Política Monetária anunciar seu parecer sobre juros aqui. No fim da semana passada, os mercados de câmbio e de ações no Brasil sentiram o baque observado nos contratos de DI, que dispararam em meio a dúvidas sobre como o Banco Central reagirá a evidências de inflação persistentemente elevada, num momento em que outros mercados emergentes promovem fortes altas de juros tendo como pano de fundo incertezas sobre o Fed.
Os DIs se acomodaram nesta sessão, e o Ibovespa subiu 0,76%, segundo dados preliminares.
Por ora, a aposta do Morgan Stanley é que o dólar se manterá acima de 5 reais no curto prazo, mas com a moeda brasileira não sendo uma opção de venda relevante.
“Um BC mais proativo provavelmente conteria parcialmente uma alta do dólar/real”, disseram estrategistas do banco em nota, na qual recomendaram venda de puts (opções de venda) de dólar/real com delta (uma medida de sensibilidade da opção) 25 e preço de exercício de 5,00 reais por dólar.
Analistas chamaram atenção nesta segunda para a China, depois que as ações do país tiveram forte queda na madrugada em meio ao aperto do cerco regulatório por Pequim.
O Société Générale avaliou que um potencial catalisador de alta global para o dólar seria uma depreciação do iuan chinês, conforme especulações de uma segunda redução de depósitos compulsórios pelo governo do país asiático aumenta a divergência entre as políticas monetárias da China e dos EUA, tornando-a mais favorável ao dólar.
O iuan negociado fora da China continental (“offshore”) perdia 0,1%, a 6,4830 por dólar, no fim da tarde.