Dólar fecha em queda de 0,38%, a R$ 4,96, em dia de ajustes e busca por ativos de risco
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista fechou a terça-feira em baixa ante o real, se distanciando um pouco dos 5,00 reais, em sintonia com o exterior, numa sessão marcada pela busca global por ativos de risco depois dos avanços mais recentes da divisa dos EUA, puxados por dados e declarações de autoridades indicando que o Federal Reserve deve começar a cortar juros apenas mais à frente.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9630 reais na venda, em baixa de 0,38%. Em fevereiro, a moeda acumula ganho de 0,50%.
Na B3, às 17:21 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,53%, a 4,9705 reais.
O dólar oscilou em baixa durante praticamente toda a sessão, influenciado principalmente pelo recuo dos rendimentos dos Treasuries, que também pesava sobre as cotações da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior.
Na máxima do dia, o dólar à vista marcou 4,9820 reais (estável) às 11h30 e, na mínima, atingiu 4,9514 reais (-0,61%) às 14h28.
Profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que o dia foi de ajustes, com os investidores em busca de ativos de maior risco, após o pessimismo recente.
“Nos últimos dias, com a decisão (de política monetária) do Fed na semana passada, o dólar acabou se valorizando, com um sentimento pessimista nos mercados”, lembrou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.
“O (presidente do Fed, Jerome) Powell fez colocações no sentido de que o mercado não deveria ficar tão animado com cortes de juros no primeiro semestre, o que acabou jogando um balde de água fria nos investidores”, acrescentou.
Nesta terça-feira, o ambiente era de otimismo, com os investidores em busca de ativos de maior risco, como o real. Além de ajustes em relação aos movimentos mais recentes, as cotações refletiam, conforme Izac, declarações da presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester.
Para ela, se a economia dos Estados Unidos tiver o desempenho esperado, isso poderá abrir a porta a cortes na taxa básica de juros. Por outro lado, Mester disse que ainda não está pronta para oferecer qualquer cronograma para uma política monetária menos restritiva.
Neste ambiente, o dólar à vista se distanciou um pouco dos 5,00 reais — cotação atingida durante a sessão de segunda-feira, no auge do pessimismo trazido pelas declarações de Powell.
“Nos últimos dias vimos um estresse que tomou conta dos mercados no Brasil. Acho que 5,00 reais neste momento me parecem um exagero; trabalhar em torno de 4,85 e 4,90 reais faz mais sentido”, avaliou o economista-chefe na Way Investimentos, Alexandre Espirito Santo.
“Nosso mercado deu uma exagerada em janeiro e nos primeiros dias de fevereiro, mas hoje (terça-feira) vê que não é para tudo isso. Bolsa e dólar estão recompondo um pouco do excesso de pessimismo do início do ano”, acrescentou.
No fim da tarde, o dólar também seguia em baixa ante as divisas fortes e em relação à maioria das moedas de exportadores de commodities e emergentes.
Às 17:21 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,26%, a 104,190.
A influência do exterior acabou deixando em segundo plano a divulgação, no Brasil, da ata do último encontro de política monetária do Banco Central.
No documento, o Comitê de Política Monetária (Copom) avaliou que o cenário doméstico tem evoluído como o esperado, com um progresso desinflacionário relevante, mas que a incerteza internacional prescreve cautela à política monetária. O BC frisou que ainda há um longo caminho a percorrer no retorno da inflação à meta.
O Copom também reiterou que a desancoragem das expectativas de inflação são um fator de preocupação, que requer atuação firme da autoridade monetária.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de abril.