Dólar cai 0,8% e fecha a segunda-feira cotado a R$ 5,27
Recuo da moeda norte-americana ocorreu otimismo com a retomada das economias, o que enfraqueceu a moeda nos EUA
O dólar abriu a semana em baixa ante o real, seguindo o movimento da moeda no exterior em meio a otimismo com a retomada das economias, mas a divisa fechou a uma distância das mínimas, em meio a receios sobre segunda onda de casos da covid-19 no mundo.
Na sessão desta segunda-feira (22), a moeda norte-americana caiu 0,86%, a R$ 5,2722. As oscilações ao longo do dia continuaram expressivas. Na máxima, a cotação caiu apenas 0,39%, a R$ 5,2977, e na mínima cedeu 2,25%, para R$ 5,1985.
O dólar registrava firmes perdas contra dólar australiano, peso mexicano e lira turca, divisas que se beneficiam de momentos de maior apetite por risco. O índice do dólar frente a uma cesta de rivais de mercados desenvolvidos caía 0,62% no fim desta tarde.
Outros ativos de risco também se valorizaram, assim como os mercados de ações em Nova York. Apesar do recente salto em casos de coronavírus nos EUA e algumas partes da Europa, além de China e Coreia do Sul, investidores parecem se concentrar mais em 2021 e na perspectiva de que os balanços das empresas venham melhores passado o pior momento da crise de saúde e econômica.
Mas, no Brasil, analistas apontam que o câmbio segue demasiadamente dependente de fatores externos para algum alívio.
Fernando Bergallo, sócio da FB Capital, chama atenção no plano local para a constante incerteza política. “Nosso cenário político está no pior momento desde o início do governo Bolsonaro. A história do Queiroz ainda pode render muito. É algo que deixa o mercado mais cauteloso”, disse.
“Difícil pensar que no atual patamar o dólar está estabilizado. Estamos sem bússola. A oscilação está forte todo o dia. E com o cenário interno frágil ficamos suscetíveis a uma virada de humor lá fora”, acrescentou Bergallo.
O Goldman Sachs lembra que, apesar de ter deixado os patamares perto de R$ 6 por dólar vistos em meados de maio, o real ainda é a moeda com pior desempenho em 2020.
A divisa brasileira perde 23,89% no ano ante o dólar, segundo dados da Refinitiv. Para o Goldman Sachs, muito dessa fraqueza é justificável, em meio à forte contração do PIB, contínuas dificuldades do país ao lidar com o Covid-19, tensões em curso entre Executivo e Judiciário e possibilidade de novos cortes da Selic.
Isso tudo torna o real uma “combinação não atraente de elevados riscos domésticos e baixo retorno”, disseram os profissionais do banco norte-americano em nota.