Comércio se prepara para começar a usar Pix para saque e troco até o fim do ano
Banco Central vai estimular novos serviços da plataforma
Os lojistas e comerciantes passarão a oferecer o serviço de Pix Saque e Pix Troco em dinheiro. As funcionalidades estão previstas para começar até o final do ano. O anúncio foi feito pelo Banco Central em um evento virtual promovido pela Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). Com isso, os clientes poderão usar as ferramentas para retirar dinheiro em espécie nos estabelecimentos comerciais.
O Pix Saque tem o objetivo apenas da retirada de dinheiro, enquanto o Pix Troco envolve uma transação de compra, em que o comprador poderá pagar um valor maior via Pix a fim de receber o troco em espécie.
Na avaliação do presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, a medida levará novas funcionalidades para o consumidor e tornará as pequenas empresas mais atrativas.
“Para o consumidor, será gratuito. Hoje, ele paga para sacar em uma maquininha de ATM e naqueles bancos 24h. Ele também evitará o deslocamento ao banco. Ele já está almoçando, jantando ou fazendo um lanche, ou está em um posto de gasolina, supermercado, ou seja, é muito bom em termos de conveniência”, afirma Solmucci.
O presidente da Abrasel também destaca o benefício para moradores de cidades do interior do Brasil, onde não há agências bancárias ou caixas eletrônicos para saque.
O interesse do sistema financeiro na funcionalidade está na redução de custos para os bancos, que diminuirão os gastos de implantação e manutenção de máquinas e até economizarão na segurança. “O Banco Central também ganha, porque manusear o dinheiro é muito caro, com transporte, garantia e segurança”, acrescenta Paulo Solmucci.
A questão da segurança é um ponto chave desta transição que, segundo a Abrasel, está sendo feita de maneira “cuidadosa, transparente e com bastante diálogo”. O presidente da entidade avalia que o Pix Saque e o Pix Troco diminuirão a quantia de dinheiro em espécie nos caixas dos estabelecimentos, favorecendo a segurança dos locais.
“Muitas vezes, a gente é assaltado, fechamos uma casa porque o ladrão sabe que, ao longo do dia, você vai juntando dinheiro ali no caixa e tem um montante que você terá que transportar no dia seguinte para o banco.”
Mas ele ressalta que o comércio não é obrigado a ter o dinheiro em espécie para oferecer as funcionalidades. “Não seremos um posto de serviço bancário, não seremos uma unidade de banco. Nós vamos fazer um serviço na medida do que seja possível.”
Troco
Um dos grandes empecilhos dos pequenos comerciantes é o troco em moeda ou notas pequenas. A ideia, portanto, é combater este problema. “Eu passo um Pix de 12,50 e coloco que eu gostaria de receber 20 reais de troco, então debita na minha conta 32,50 e o estabelecimento previamente já está se dispondo a te devolver 20 reais.”
Para os pequenos comerciantes, que só trabalhavam com dinheiro, Paulo Solmucci também avalia com otimismo o uso do Pix.
“O MEI tinha muita dificuldade de abrir uma conta no banco, muitas vezes recebiam um dinheiro na praia, não tinham troco e perdiam uma venda, ou davam um desconto que acabava com o seu lucro. Agora não, todos abriram contas no banco virtual, aquelas carteiras virtuais, e estão recebendo com Pix.”
* (supervisionada por Juliana Alves)