Azul (AZUL) capta US$ 800 milhões com emissão de dívida no exterior e deve voltar a investir em crescimento
Companhia também conclui rolagem de títulos que venceriam em 2024 e 2026 com adesão de 86% dos “bondholders”
Os executivos da Azul (AZUL4) confirmaram nesta quinta-feira (13) a captação de US$ 800 milhões com a venda de títulos de dívida no exterior. A emissão das senior notes foi anunciada nesta quarta (12) pela companhia em fato relevante. Os títulos vencem em agosto de 2028, têm cupom de 11,93% ao ano, e a procura ficou acima do esperado. De acordo com John Rodgerson, CEO da companhia aérea, esta foi a maior captação da história da Azul.
“Hoje concluímos a oferta, tendo recebido quase três vezes a demanda original que estávamos buscando de capital e com taxas mais favoráveis do que as que temos visto na região”, afirmou Alex Malfitani, CFO da aérea. A emissão foi feita pela Azul Secured Finance LLP, uma das subsidiárias da Azul nos Estados Unidos.
“Ontem anunciamos que buscávamos ao menos US$ 700 milhões. Ao ver a alta demanda, aumentamos a oferta”. De acordo com os executivos, a oferta contou com a demanda de mais de 100 fundos de investimento. Malfitani reforçou que a emissão nos Estados Unidos utiliza a mesma estrutura de colateral utilizada na oferta de troca de títulos.
No mês passado, a Azul anunciou ter lançado ofertas para troca de títulos de dívida sêniores que venceriam em 2024 e 2026 para títulos com vencimento em 2029 e 2030, respectivamente. Os executivos disseram que a rolagem foi concluída com a adesão de 86% dos bondholders.
“Quem não participou da troca, vai continuar com o papel original, que vai ser pago no vencimento original. Não vai receber colateral e o cupom não vai aumentar, vai ficar no valor original, que é bem mais baixo”, explicou Malfitani.
As notas com vencimento em 2024 tem cupom de 5,78% e, na troca para 2029, o retorno subiu para 11,5%. Quanto aos títulos que venceriam em 2026, com cupom de 7,14%, o retorno foi a 10,78% na rolagem para 2030.
As ofertas fazem parte do plano de reestruturação da Azul e visa otimizar o cronograma de amortização de dívidas e a estrutura de capital da companhia.
A primeira etapa desse plano foi um acordo sobre as dívidas com empresas de arrendamento e fabricantes de aeronaves, o equivalente a 80% dos débitos da Azul.
“Já tem ‘lessor‘ assinado, com oferta formal, e tem os que ainda precisam assinar. Tudo isso tem um prazo para ocorrer e estamos confiantes de que faremos a formalização dentro do esperado”, diz Malfitani. “A gente tem basicamente só um lessor com quem ainda estamos negociando”.
Segundo Malfitani, a Azul caminha na direção do guidance de alavancagem que a companhia anunciou recentemente. “Terminando 2023 com 3,5 de dívida líquida sobre Ebitda e 2024 com 3”, afirma.
Sem vencimentos de dívida significativos no curto prazo, a Azul deve voltar a investir em capex. “Agora que temos um caixa robusto, estamos animados para voltar a crescer’, afirmou John Rodgerson. “Estamos planejando fazer aquilo o que não podíamos quando o nível de caixa estava baixo”, complementou, citando mais habilidade para voar a construção de um hangar em Minas Gerais.