Ações de construtoras ganham até 8% com melhora das expectativas para setor
Segmento de média renda ainda enfrenta ventos contrários, mas construtoras experientes podem contornar cenário desafiador
Após um longo período, analistas do Credit Suisse acreditam que é hora das construtoras voltarem ao radar dos investidores. Refletindo as novas expectativas, as ações de Cyrela (CYRE3) dispararam 8,15% no pregão desta quarta-feira (28), enquanto as ações de MRV (MRVE3) subiram 7,52%, seguidas por Even (EVEN3), + 4,35%; Direcional (DIRR3), +3,07%; e EzTec (EZTC3), 2,79%.
“É muito cedo para confirmar se o cenário macro ficou positivo, mas se a tendência de queda nas taxas de longo prazo se acentuar, esperamos que as ações tenham uma reavaliação significativa e os investidores não vão querer perder”, comenta o banco, em relatório.
O Credit ressalta sua preferência pelo segmento de baixa renda, pois o vê como uma alternativa de hedge (proteção) dos resultados eleitorais e deve se beneficiar dos ventos favoráveis dos ajustes no programa Casa Verde e Amarela (CVA).
Segundo relatório, o programa habitacional do Brasil está protegido dos resultados das eleições e provavelmente será estimulado por ambos os candidatos, como no passado, tornando as construtoras de baixa renda uma alternativa atraente para o curto/médio prazo.
Em relação ao segmento de média renda, a equipe de research ainda enxerga ventos contrários, mas espera que construtoras experientes com um forte pipeline de lançamentos e know-how comercial poderiam contornar o cenário desafiador com vendas e rentabilidade razoáveis.
Além disso, segundo Credit Suisse, os custos, que têm sido uma das principais preocupações do setor, começaram a esfriar, abrindo espaço para que a tendência de queda das margens se amenize.
Tendência de queda nas taxas de longo prazo
O Banco Central manteve a Selic em 13,75% após 12 altas consecutivas, potencialmente encerrando o ciclo de aperto monetário no Brasil. “Embora possa ser muito cedo para definir as perspectivas macroeconômicas, os dados de deflação têm sinalizado que novos aumentos nas taxas podem ser desnecessários, o que sustenta uma tendência de queda nas taxas de longo prazo”, explicam analistas.
Com base na correlação de 88% entre ações e taxas futuras, o banco acredita que é hora dos investidores adicionarem as construtoras de volta aos seus portfólios.
Credit Suisse eleva Cyrela e Direcional para outperform
O banco suíço elevou Cyrela para outperform (equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 21 (a ação fechou esta quarta-feira em R$ 17,38), apesar da visão cautelosa para o segmento.
Isso porque enxerga a Cyrela como a melhor posicionada em relação aos pares para alcançar bons números de vendas e rentabilidade, e considerando a liquidez das ações, o que pode atrair investidores estrangeiros, caso tenha uma entrada no mercado de ações do Brasil.
Mesmo que o ambiente macro ainda apresente riscos relevantes, tanto internos quanto externos, o Itaú BBA diz enxergar uma “assimetria positiva para a Cyrela, uma vez que há: a) um prêmio de risco significativo implícito na curva de juros; e b) pouco espaço para maior deterioração do microambiente”.
Credit Suisse também atualizou Direcional para outperform, com preço-alvo de R$ 21 (a ação fechou esta quarta em R$ 15,46), pois espera que a construtora entregue números de retorno sobre patrimonio líquido (ROE, na sigla em inglês) fortes por meio de operações resilientes e sua avaliação justa sendo 2,3x P/BV.
Além disso, analistas do banco suíço reforçam avaliação outperform para MRV e mantêm classificação neutra para Ez Tec e Tenda.