As mulheres que lutam pela conservação de espécies símbolos da fauna brasileira
Série de reportagens especiais percorre os biomas do Brasil para mostrar o trabalho incansável de cientistas na linha de frente da conservação da biodiversidade.
Do topo das árvores gigantes da Amazônia aos vales desérticos da Caatinga, pesquisadoras se destacam pelos estudos e os resultados de seus projetos de conservação de espécies ameaçadas da fauna brasileira. Em um mundo de grandes desafios físicos, logísticos e políticos, as mulheres lideram iniciativas das mais relevantes para a biodiversidade e para as comunidades que vivem dela nas regiões mais remotas deste País.
A série de reportagens Mulheres na Conservação vai mostrar pelo prisma feminino alguns dos mais importantes projetos de conservação do Brasil. Todos liderados por mulheres valentes, persistentes, inteligentes, que dedicaram a vida pela natureza, para os animais, a ciência e o desenvolvimento da conservação no Brasil.
O trabalho dessas pesquisadoras, além dos resultados incontestáveis de recuperação das espécies e de geração de conhecimento para a humanidade, também tem transformado as regiões onde se desenvolvem suas pesquisas.
Fomos atrás de mulheres que desenvolvem projetos em todos dos biomas brasileiros. Nesse processo de pesquisa e seleção, para nossa sorte e da natureza, descobrimos que são elas as grandes líderes da conservação no mais biodiverso do mundo – o Brasil lidera o ranking de 17 países megadiversos identificados pela Conservação Internacional.
A relevância é tamanha que algumas dessas figuras são o próprio projeto. Além da iniciativa de criar uma linha de estudo, elas desenvolveram técnicas pioneiras no mundo da ciência em benefício da conservação. Ou simplesmente começaram do zero traduzindo para o resto do planeta a linguagem da natureza e que, hoje, esses trabalhos servem de referência global.
Acompanhando o trabalho delas em campo foi comum escutar dos homens da equipe, dos mateiros e de pesquisadores do sexo oposto a seguinte constatação: “só ela aguenta este pique”. Dentre várias características, como a sensibilidade e a persistência para adquirir conhecimento por meio de estudos incessantes, também ouvimos muito outro traço feminino fundamental em campo: a empatia. Não fossem pesquisadoras abrindo o caminho em ambiente árduos, talvez a história da conservação de muitas espécies-chave da biodiversidade brasileira seria outra.
Nas duas primeiras reportagens da série, estivemos com araras-azuis e antas, o maior mamífero terrestre da América do Sul. No coração do Pantanal, tivemos o privilégio de conviver com grandes mulheres brasileiras apaixonadas pelo seu trabalho e, sobretudo, pela oportunidade de viver em meio à natureza.
Ao evidenciar o trabalho e a dedicação dessas profissionais pela natureza do Brasil espera-se manter viva a inspiração às novas gerações de pesquisadoras, biólogas, estudantes, guarda-parques, guias, educadoras, ou qualquer outra profissão que esteja relacionada a conservação.
Metade da força produtiva que move a ciência no Brasil é liderada por mulheres, de acordo com estudos de gênero da The Global Research Landscape. Mesmo assim, ainda é muito importante criar estímulos para novas jovens pesquisadoras. Os desafios são muitos e dar visibilidade a quem está fazendo a diferença pela natureza do Brasil é o primeiro passo para que estas grandes mulheres sirvam de inspiração para outras.
Chegou a hora de espalhar estas boas histórias. E que o nosso álbum fique cada vez maior.
Esta série de reportagens foi parcialmente financiada pela Fundação Toyota do Brasil. Paulina Chamorro é jornalista e João Marcos Rosa, fotógrafo, ambos colaboradores da National Geographic Brasil. Conheça o trabalhos deles no Instagram: @Pauli_Chamorro e @JoaoMarcosRosa.