Suíços se recusam a proibir pesticidas sintéticos
Os suíços rejeitaram amplamente, em referendo neste domingo (13), as propostas para proibir os pesticidas sintéticos, enquanto aprovaram o fortalecimento à luta contra o terrorismo, apesar das críticas de grupos humanitários e da ONU.
Essas resultados confirmaram as pesquisas realizadas nas últimas semanas.
As duas iniciativas populares contra os pesticidas geraram discussões acaloradas entre os agricultores durante a campanha em um país que abriga um dos maiores fabricantes de produtos fitofarmacêuticos, o grupo Syngenta, que foi comprado em 2017 pela gigante chinesa ChemChina.
A primeira iniciativa, “Por uma Suíça sem pesticidas sintéticos”, previa a proibição desses produtos em um prazo de 10 anos, bem como a importação de alimentos produzidos no exterior com agrotóxicos sintéticos ou que os contenham.
A segunda, “Por uma água potável limpa e uma alimentação saudável”, exigia requisitos mais rígidos para a concessão de subsídios governamentais aos agricultores.
A proposta pedia que fossem concedidos apenas a propriedades que não utilizam agrotóxicos, que proíbem o uso preventivo ou regular de antibióticos e que alimentam os animais com a forragem que eles próprios produzem.
Os suíços rejeitaram ambas as iniciativas, que os ambientalistas e a esquerda apoiaram diante da oposição do governo, por 61% dos votos, segundo dados oficiais.
“É uma escolha de razão e pragmatismo, é uma escolha que garante o futuro da nossa agricultura e que garante a segurança alimentar do nosso país. Esta dupla não dá ao mundo agrícola a possibilidade de continuar suas reformas de transição rumo a uma produção”, reagiu o presidente suíço Guy Parmelin em uma entrevista coletiva.
– Terrorismo e direitos humanos –
Já a revisão da lei de CO2, que inclui medidas para reduzir ainda mais as emissões desses gases de efeito estufa até 2030, foi rejeitada com 51% dos votos.
Segundo os opositores do texto, essas medidas custariam caro e afetariam pessoas de baixa e média renda e entusiastas de viagens.
Por outro lado, a maioria da população (quase 57%) apoiou a lei sobre medidas policiais de combate ao terrorismo, apesar dos avisos da ONU e da Anistia Internacional.
Esta lei dá à polícia os meios para agir preventivamente mais facilmente contra “terroristas em potencial”.
Graças à lei, a polícia poderá monitorá-los melhor, limitar seus movimentos e obrigá-los a comparecer aos interrogatórios. Tudo isso a partir dos 12 anos. A partir dos 15 anos, também poderão ser colocados em prisão domiciliar por nove meses, sujeito à aprovação de um tribunal.
Os opositores de esquerda da lei acreditam que ela não respeita os direitos fundamentais e os direitos humanos.
O governo garante que esses direitos serão garantidos e argumenta que os programas de desradicalização são insuficientes diante da ameaça que algumas pessoas representam.
A Suíça escapou dos ataques extremistas islâmicos cometidos na Europa, mas a ameaça continua “alta” segundo as autoridades, que afirmam que “em 2020 houve dois ataques com faca, provavelmente com um ‘motivo terrorista'”.
Cerca de 60% dos suíços também aprovaram a lei contra a covid-19 que dá ao governo poderes adicionais para combater a pandemia e mitigar seus efeitos na sociedade e na economia.