ONU prevê nova onda de refugiados ucranianos na Europa
Segundo a ONU, a guerra obrigou cerca de 8 milhões de ucranianos a abandonar o país, e outros 6 milhões se tornaram deslocados dentro do território ucraniano
Diante de uma nova ofensiva russa na Ucrânia, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) aconselhou, nesta quinta-feira, 26, os países europeus a se prepararem para receber uma nova onda de deslocados ucranianos.
“Qualquer exacerbação da guerra pode provocar novos deslocamentos, de uma maneira ou de outra, e temos que nos preparar para isso”, disse Filippo Grandi, chefe da Acnur, em entrevista à AFP em Kiev.
“Como vimos em todos os lugares, em Mariupol, em Kherson, sempre que os combates se intensificam, as pessoas naturalmente tentam se proteger”, acrescentou Grandi, referindo-se a duas das batalhas mais sangrentas desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
“O que dizemos ao governo ucraniano, mas também aos governos dos países vizinhos, é que estejam preparados, que se preparem para qualquer eventualidade”, enfatizou o Alto Comissário.
As autoridades ucranianas indicaram esta semana que as forças russas estão intensificando a ofensiva para tomar a cidade de Bajmut, na região industrial de Donetsk.
Repórteres da AFP na cidade, devastada pelos combates, verificaram que muitos moradores que até agora se recusavam a sair tomaram a decisão de ir embora.
Segundo a ONU, a guerra obrigou cerca de 8 milhões de ucranianos a abandonar o país, e outros 6 milhões se tornaram deslocados dentro do território ucraniano.
Moscou afirma que pelo menos 5 milhões de ucranianos deixaram seu país e se mudaram para a Rússia.
Acesso “limitado” à Rússia
De acordo com Filippo Grandi, a Rússia tem sido pouco receptiva na hora de facilitar o acesso aos refugiados em seu território.
“Na Rússia, tivemos um número muito limitado de pedidos para ajudar os ucranianos, e meios muito limitados, se não inexistentes, quando se trata de verificar os números”, afirmou.
Os pedidos da Acnur para ter acesso aos ucranianos que estão na Rússia, incluindo menores não acompanhados, receberam respostas “extremamente lentas”, lamentou Grandi.
E, quando as autoridades russas permitem o acesso da Acnur, é a “um número muito limitado” de refugiados de centros de alojamento temporário.
Poder reunir-se livremente com os refugiados é essencial para “determinar se essas pessoas estão sendo tratadas corretamente”, disse Grandi.
A Ucrânia acusa a Rússia de evacuar à força os civis ucranianos de cidades como Mariupol ou Kherson.
“Para determinar isso, precisamos de acesso irrestrito. Do contrário, as pessoas não poderão se expressar livremente” sobre sua situação, concluiu.