Furacão Otis deixa 45 mortos e prejuízo de US$ 15 bilhões no México

Pelo menos 1,6 mil pessoas estão desabrigadas; a população reclama que a resposta do governo à crise é lenta

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Em meio às críticas pela demora em enviar ajuda para a área atingida pelo furacão Otis na semana passada, o governo mexicano atualizou nesta segunda-feira, 30, o número de mortos, feridos e desaparecidos. Desde a última quarta-feira, 25, quando Otis devastou as cidades de Coyuca de Benítez e Acapulco, são 45 mortos, 47 feridos e 1.656 desabrigados.

A governadora do estado de Guerrero, Evelyn Salgado Pineda, afirmou nesta segunda-feira, 30, que 30 equipes de resgate integram a operação nas áreas atingidas.

“Até o momento, conseguimos encontrar 152 pessoas graças a esses esforços”, escreveu Pineda, no X (ex-Twitter).

O balanço do governo afirma ainda que a energia elétrica foi restabelecida para mais da metade da população. De acordo com a consultora Enki Research, especializada em fenômenos naturais, o furacão Otis já causou danos de cerca de US$ 15 bilhões.

O último relatório do governo federal, no entanto, contradiz um comunicado para a imprensa do governo que havia sido divulgado no domingo, que informava sobre 48 mortos e seis desaparecidos.

O furacão Otis atingiu a categoria 5 — o máximo na escala Saffir-Simpson — na madrugada de quarta-feira, 25, causando uma onda de destruição no Pacífico mexicano que deixou o setor turístico de Acapulco praticamente em ruínas.

Contrariando todas as previsões e quebrando recordes, Otis passou de tempestade tropical para um poderoso furacão de categoria 5 em cerca de 6 horas antes de tocar o solo. Normalmente, cerca de 24 horas antes da chegada de um furacão são suficientes para que comércios, casas e hotéis se organizem, e as pessoas consigam estocar alimentos e água, mas o fenômeno pegou meteorologistas e autoridades de surpresa.

A contagem das vítimas tem sido lenta depois que o furacão derrubou as telecomunicações e o serviço de energia elétrica, que foram sendo gradualmente restabelecidos durante o fim de semana, afirma a agência de notícias AFP.

“Estamos progredindo na distribuição eficiente da ajuda humanitária, fornecendo o apoio necessário e avançando na restauração dos serviços”, afirma Evely Salgado, a governadora de Guerrero, no X (ex-Twitter).

Segundo a imprensa local, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador sobrevoou a área do desastre e teve reuniões com funcionários responsáveis pelas operações de socorro à população.

Pedido de ajuda às áreas atingidas

A ajuda do governo e de organizações privadas começou a ser distribuída na área atingida na tarde de sexta-feira, 27, depois que o aeroporto de Acapulco foi reaberto e o trânsito nas estradas foi normalizado. O processo, no entanto, é lento, e em várias áreas vizinhas a população exige ajuda enquanto se organiza para limpar os estragos em suas casas e comércios. Lojas e supermercados foram saqueados por moradores desesperados por alimentos e água. Há também registros de roubos.

“Não vimos nada das autoridades, que venham nos ajudar”, exige Miguel Antraca, de 60 anos, que foi a uma área de praia ver seu pequeno comércio em ruínas. “Isso é um desastre. Nunca aconteceu isso antes; os furacões eram menores”, afirma ele, ao lembrar de outros ciclones ocorridos na região.

Na mesma área, Eva Luz Vargas, de 45 anos, se juntou aos vizinhos para limpar os destroços. De início, ela até parece animada, mas a voz entristece ao pensar no futuro, já que Vargas trabalha com turismo na região, e o marido é pescador.

“Queremos que o governo nos ajude porque, sinceramente, tudo está muito feio”, diz ela.

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