França recua em idade mínima para aposentadoria após protestos
O governo anunciou uma suspensão provisória de proposta que aumentaria de 62 para 64 anos a idade para requerer o benefício integral
Incidentes violentos foram registrados no sábado 11 em Paris durante as manifestações contra a reforma da aposentadoria. O primeiro-ministro Édouard Philippe anunciou uma suspensão provisória de uma proposta do projeto que aumentaria de 62 para 64 anos a idade para requerer o benefício integral.
Convocadas por diversas centrais sindicais, diversas manifestações contra a reforma da aposentadoria foram registradas em todas as regiões da França, mas a mobilização mais importante foi programada durante a tarde, em Paris.
Na capital, o cortejo reunindo milhares de pessoas saiu da Praça da Nação, no leste, em direção à Praça da República, na região central da cidade. Durante o trajeto, muitos incidentes foram registrados.
Manifestantes vestidos de preto e usando máscaras, ao lado de representantes do movimento coletes amarelos, incendiaram objetos e quebraram vitrines. Projéteis foram lançados contra policiais que responderam com gás lacrimogêneo.
Lojas comerciais e agências bancárias foram invadidas. De acordo com as autoridades de segurança pública da capital, os ataques aconteceram com clientes dentro dos locais que foram alvos dos “baderneiros”.
Muitos manifestantes presentes no protesto postaram vídeos nas redes sociais mostraram os momentos de tensão durante o protesto na capital.
Em Nantes, no oeste do país, também foram registrados confrontos entre manifestantes e policiais.
Recuo do governo
O governo francês anunciou a retirada “provisória” de uma controversa medida que previa adiar em dois anos a idade para requerer o benefício integral da aposentadoria, o que na França ficou conhecida como “idade pivô” ou “idade de equilíbrio”.
A proposta foi encaminhada por meio de uma carta enviada pelo primeiro-ministro Édouard Philippe às centrais sindicais. “Com a intenção de demonstrar minha confiança nos interlocutores sindicais, estou disposto a retirar a curto prazo do projeto de lei a medida que havia proposto, que consiste em convergir progressivamente a partir de 2022 até uma idade de equilíbrio de 64 anos em 2027”, escreveu o premiê.
No entanto, Édouard Philippe condicionou a retirada definitiva da medida a um “acordo sobre o equilíbrio e o financiamento das pensões” durante um encontro previsto com as lideranças sindicais e representantes do patronato francês. Caso contrário, segundo Édouard Philippe, o governo vai adotar por meio de decretos “as medidas necessárias para alcançar o equilíbrio até 2027”.
A central sindical CFDT, que se opunha à proposta, aprovou a iniciativa do primeiro-ministro e considerou um sinal “da vontade do compromisso do governo”. As lideranças da central sindical disseram que vão continuar as negociações para a adoção do futuro regime universal de aposentadoria proposto pelo governo.
Paralisação afeta vários setores
No 38° dia de greve contra o projeto de reforma, os transportes públicos continuam parcialmente afetados na capital francesa. A paralisação atinge vários outros setores como petroleiro, advocacia e cultural.
A tradicional Ópera de Paris, que deveria retomar sua programação neste sábado, cancelou a apresentação do espetáculo O Barbeiro de Sevilha. Com a greve história que já dura mais de cinco semanas, os prejuízos da instituição são estimados em €12,3 milhões (R$ 55 milhões).