Combates mantêm civis presos em siderúrgica na Ucrânia; ONU lança nova operação de retirada

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ZAPORIZHZHIA, Ucrânia (Reuters) – Dezenas de civis ucranianos, incluindo mulheres e crianças, estavam presos nesta quinta-feira em abrigos subterrâneos em uma siderúrgica de Mariupol, que foi abalada por fortes explosões enquanto forças russas lutam pelo controle do último reduto da Ucrânia na cidade portuária em ruínas.

A ONU disse que uma nova operação está em andamento para retirar mais pessoas de Mariupol e da siderúrgica de Azovstal, onde cerca de 200 civis ainda estão escondidos em bunkers subterrâneos com pouca comida ou água.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse ao primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, em uma conversa por telefone, que Kiev deveria ordenar que os soldados ucranianos defendendo a siderúrgica sitiada baixem as armas, e que a Rússia ainda estava preparada para fornecer passagem segura para os civis.

Ucranianos defendendo o local estão resistindo desesperadamente há semanas, e embora alguns civis tenham conseguido sair de maneira segura por meio de corredores humanitários, aproximadamente outros 200, segundo autoridades ucranianas, permanecem na parte de dentro, com pouca comida, água e remédio.

O Kremlin negou anteriormente que as forças russas estavam invadindo a siderúrgica da era soviética, apontando para uma ordem de 21 de abril de Putin de que elas deveriam fechá-la, mas não entrar no seu labirinto de túneis subterrâneos.

Mas um soldado ucraniano que disse que estava preso no grande complexo –a última parte da cidade ainda nas mãos da Ucrânia– acusou as forças russas de violar as defesas de siderúrgica pelo terceiro dia, desobedecendo uma promessa anterior de Moscou de pausar suas atividades militares para permitir a retirada de civis.

“Combates sangrentas e pesadas estão em andamento”, disse o capitão Sviatoslav Palamar, um vice-comandante do regimento Azov da Ucrânia, em um vídeo publicado online.

“Mais uma vez, os russos não cumpriram sua promessa de cessar-fogo e não deram uma oportunidade para civis buscando abrigo… nos porões da siderúrgica possam evacuar”, disse. A Reuters não conseguiu verificar o seu relato de maneira independente ou de onde ele estava falando.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse ao Conselho de Segurança que uma terceira operação está em andamento para retirar civis de Mariupol e Azovstal. Em esforços conjuntos com a Cruz Vermelha, a ONU ajudou quase 500 civis a fugirem da área na semana passada.

“Espero que a coordenação contínua com Moscou e Kiev leve a mais pausas humanitárias para permitir a passagem segura dos civis dos combates, e que ajuda possa alcançar aqueles em necessidade crítica”, disse Guterres.

“Devemos continuar a fazer todo o possível para tirar as pessoas desses cenários infernais”. Guterres se recusou a dar detalhes sobre a nova operação “para evitar minar um possível sucesso”.

O Exército da Rússia prometeu pausar suas atividades am Azovstal durante a parte do dia de quinta-feira e nos próximos dois dias para permitir que civis sejam retirados, após lutas impedirem a saída deles da siderúrgica na quarta-feira. O Kremlin afirmou que foram formados corredores humanitários a partir da siderúrgica.

Em um discurso no começo da manhã, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse que a Ucrânia estava pronta para garantir um cessar-fogo.

“Demorará para simplesmente tirar as pessoas daqueles porões, daqueles abrigos subterrâneos. Nas atuais condições, não podemos usar equipamentos pesados para retirar os destroços. Precisa ser feito com a mão”, disse Zelenskiy.

EXPANSÃO DA OTAN

A defesa teimosa da Ucrânia em Azovstal sublinhou a falha da Rússia de tomar grandes cidades em uma guerra de dez semanas que levou potências ocidentais a enviarem armas a Kiev e punir Moscou com sanções.

No que pode ser uma grande mudança histórica que com certeza deixará Moscou furioso, Suécia e Finlândia podem em breve decidir se juntar à Otan.

Suécia e Finlândia, que têm uma fronteira de 1.300 kms com a Rússia, ficaram fora da Otan durante a Guerra Fria, mas a invasão de Moscou à Ucrânia levou ambas a repensarem as suas necessidades por segurança.

(Reportagem de Alessandra Prentice, em Zaporizhzhia, e Natalia Zinets, em Kiev; Reportagem adicional de Emma Farge, em Genebra, e Redações da Reuters)
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