China ironiza tarifas anunciadas pelos EUA: ‘O que não me mata, me fortalece’
A resposta da China à medida dos EUA de aumentar as tarifas sobre US$ 18 bilhões em produtos chineses, de seringas a baterias, sugere que as relações entre as duas maiores economias do mundo seguirão, de certa forma, normalmente.
A China denunciou a ação do governo Biden e prometeu “medidas” para proteger seus interesses. Pegando carona nisso, a agência estatal Xinhua fez comentário sobre as tarifas dos EUA numa rede social: “O que não o mata o torna mais forte”. A famosa citação de Friedrich Nietzsche parece se aplicar às empresas de tecnologia da China.
Por enquanto, a resposta de Pequim também sugere uma nova dinâmica em comparação a 2018, quando as tarifas da era Trump sobre US$ 300 bilhões em produtos chineses desencadearam uma guerra comercial crescente, segundo analistas ouvidos pela Reuters.
Algumas diferenças entre aquela época e a atual: a Casa Branca de Biden sinalizou as possíveis medidas para as autoridades chinesas com antecedência e as tarifas têm como alvo setores específicos, incluindo carros elétricos e baterias, onde o domínio das empresas chinesas é inquestionável.
Em resposta às tarifas, a mídia estatal chinesa acusou os Estados Unidos de subverter seus próprios princípios de livre comércio e de tomar medidas que ameaçam as metas climáticas e aumentarão os custos para os consumidores americanos.
Na linguagem mais dura usada até o momento, o Ministério do Comércio da China disse que a Casa Branca “havia quebrado o espírito de um acordo para estabilizar as relações bilaterais” firmado entre o presidente chinês Xi Jinping e o presidente dos EUA Joe Biden no final do ano passado em São Francisco.
Biden, que enfrenta Trump nas eleições presidenciais americanas em novembro, quer passar uma mensagem ao eleitorado que está tentando proteger a economia dos EUA, sobretudo a indústria local. Porém, não quer afastar Pequim do campo diplomático, principalmente das questões climáticas.
De acordo com a Reuters, os Estados Unidos importaram US$ 427 bilhões em mercadorias da China no ano passado e exportaram US$ 148 bilhões para a segunda economia do mundo, uma lacuna que persiste há décadas e se tornou um assunto cada vez mais sensível em Washington.