Câmara do Chile aprova convocação de plebiscito para nova Constituição
Após debate que durou 10 horas, Câmara dos Deputados anunciou plebiscito em prazo de 90 dias, além de votação para ratificar nova Carta Magna. Atual Constituição chilena foi criada no período de Pinochet e sua substituição é uma das demandas dos atuais protestos.
A Câmara dos Deputados do Chile anunciou na noite de segunda-feira (11) que aprovou a convocação de um plebiscito para uma nova Constituição em 90 dias, além de um plebiscito de ratificação para o documento.
🔴 AHORA | Comisión de Constitución aprueba mecanismo para convocar a plebiscito para #NuevaConstitucion y también plebiscito ratificatorio de la nueva Carta Política. https://t.co/fdU5PxvVYk
— CámaraDiputadosChile (@CamaraDiputados) 12 de novembro de 2019
Segundo o deputado Matías Walker Prieto, da região de Coquimbo, a decisão foi tomada após um debate de uma comissão que durou 10 horas.
Na noite de domingo, o governo chileno anunciou que iniciaria o processo para uma nova Constituição através de um “Congresso Constituinte”, com “ampla participação cidadã e um plebiscito que o ratifique”. A manobra atende a uma das principais demandas surgidas nos protestos que ocorrem no país.
O ministro do Interior, Gonzalo Blumel, confirmou o anúncio após uma reunião na casa do presidente, Sebastián Piñera, com os líderes do “Chile Vamos”, coalizão política que reúne quatro partidos de centro-direita e direita, que até agora eram os mais reticentes a uma mudança profunda da Carta Magna, herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Sebastián Piñera anunciou no sábado (8) que preparava um projeto para fazer mudanças na Constituição promulgada na ditadura de Pinochet. “Acredito nas mudanças na Constituição, que são legítimas e vamos discuti-las”, afirmou.
Projeto de Bachelet
Em março do ano passado, poucos dias depois de Piñera assumir a presidência, seu governo anunciou que não permitia o avanço de um projeto de lei enviado ao Congresso por sua antecessora, a socialista Michelle Bachelet (2014-2018), para modificar a Constituição.
O projeto consagrava a inviolabilidade dos direitos humanos, o direito à saúde e à educação e também igualdade de remuneração entre homens e mulheres.
No entanto, após três semanas de manifestações que deixaram 20 mortos, o presidente explicou na entrevista que sua proposta deve ser discutida junto com o projeto de lei de Bachelet e com outras propostas que possam surgir.
Desde o surto social iniciado em 18 de outubro, crescem nas manifestações as vozes que exigem uma assembleia constituinte para mudar a Carta Magna. Dezenas de conselhos cidadãos discutiram mecanismos com esse objetivo.