Biden tenta dinamitar, por decretos, legado controverso de Trump
Ao mesmo tempo em que convocará os americanos à unidade do país em seu discurso de posse de quarta-feira, Joe Biden assinará uma enxurrada de decretos para anular as medidas mais controversas que marcaram a curta e deletéria era Trump.
Ou seja, no entender do novo mandatário, pôr os EUA de volta aos trilhos significa reincorporá-lo ao Acordo de Clima de Paris, derrubar o veto à entrada de cidadãos de cinco países muçulmanos, reunir filhos de imigrantes separados dos pais, exigir o uso de máscaras em prédios federais e restringir os despejos durante a pandemia.
O futuro presidente dos EUA nada mais faz do que repetir um roteiro seguido por seus antecessores — o de desmontar o legado do ex-ocupante do Salão Oval. Trump fez o mesmo ao debilitar a reforma de saúde de Obama, determinar o fechamento das fronteiras a cidadãos de países muçulmanos e retirar o país de acordos internacionais, como o do clima e o do Tratado Transpacífico (TPP).
Num de seus primeiros atos, Barack Obama, por sua vez, determinou o fechamento da prisão de Guantánamo, em Cuba, emblema da tortura de prisioneiros durante a guerra ao terror propaganda pelo ex-presidente George W. Bush. A ordem executiva do presidente democrata, contudo, foi revogada oito anos depois, nos primeiros dias do mandato de Trump, que manteve aberta a prisão de segurança máxima, prometendo enchê-la novamente “de homens maus”.
Desta vez, a maior ameaça está em solo doméstico. Biden assumirá a Presidência rodeado por 25 mil soldados, que transformaram a capital Washington numa fortaleza para impedir a ação de extremistas. O número de mortos pela pandemia do novo coronavírus ronda os 400 mil. Os EUA amargam a recessão econômica mais grave desde a Grande Depressão de 1929.
Neste contexto, após a dramática invasão do Capitólio, o apelo por união e cura proclamado em novembro pelo presidente eleito, em seu discurso de vitória, precisa ir muito além da desintegração do legado de seu antecessor.