‘A Bíblia volta ao palácio’, diz recém-empossada presidente da Bolívia
Já em asilo no México, Evo Morales afirma que "foi consumado o golpe mais ardiloso e nefasto da história"
Em sessão extraordinária nesta terça-feira 12, a presidente interina da Assembleia Legislativa da Bolívia, Jeanine Áñez, se declarou presidente do país. Áñez entrou no local com uma Bíblia na mão e declarou a jornalistas: “A Bíblia volta ao palácio”.
“La Biblia vuelve a Palacio”, dice Jeanine Áñez. La senadora, quien se declaró presidenta de #Bolivia, se dirigió al antiguo Palacio de Gobierno levantando una Biblia.https://t.co/3kh3o0KNGP pic.twitter.com/EVF4N85VPi
— CNN Argentina (@CNNArgentina) 12 de novembro de 2019
No dia anterior, o empresário Luis Camacho, uma das lideranças que defenderam a renúncia de Evo Morales, já havia posado para uma foto no palácio do governo com uma Bíblia e uma bandeira boliviana. Nesta terça, ele desejou “felicitações” a Áñez como presidente interina.
Quiero expresar mis más sinceras felicitaciones a @JeanineAnez nueva presidenta del Estado Plurinacional de Bolivia.
Que Dios le de sabiduría para tomar decisiones correctas, y con ellas, dar al país la paz que tanto necesita.
¡QUE VIVA BOLIVIA! pic.twitter.com/P2QOMgFeZH— Luis Fernando Camacho (@LuisFerCamachoV) 13 de novembro de 2019
Já no México, onde buscou asilo político, o ex-presidente Evo Morales voltou a usar a palavra “golpe” para se referir à sua saída do poder.
“Foi consumado o golpe mais ardiloso e nefasto da história. Uma senadora de direita golpista se autoproclama presidente do Senado e depois presidente interina da Bolívia sem quórum legislativo, rodeada de um grupo de cúmplices e protegida pelas Forças Armadas e pela polícia, que reprimem o povo”, escreveu Morales no Twitter.
Se ha consumado el golpe más artero y nefasto de la historia. Una senadora de derecha golpista se autoproclama presidenta del senado y luego presidenta interina de Bolivia sin quórum legislativo, rodeada de un grupo de cómplices y apañada por FFAA y Policía que reprimen al pueblo
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) 12 de novembro de 2019
O Brasil se tornou o primeiro país a reconhecer Áñez como presidente interina da Bolívia após declaração do chanceler Ernesto Araújo, que afirmou que “o rito constitucional boliviano está sendo cumprido”.
A posse de Áñez foi anunciada após 48 horas de vácuo no poder desencadeado pela renúncia de Evo Morales no último domingo 10.
“Assumo de imediato a presidência e me comprometo a tomar todas as medidas necessárias para pacificar a Bolívia”, disse Áñez no plenário do Senado, um dos dois órgãos que compõem a Assembleia, que estava com menos de metade de seus membros presentes.
Em caso de renúncia presidencial, segundo a Constituição da Bolívia, a linha de sucessão começa com o vice, seguido pelo presidente do Senado e termina com o presidente da Câmara, sem previsão caso este se ausente também.
Entretanto, desde a saída de Morales, todos esses cargos ficaram vagos. No mesmo dia, Alvaro García Linera, então vice — que se asilou no México junto a Morales —, Adriana Salvatierra, então presidente do Senado, e Víctor Borda, então presidente da Câmara, renunciaram. Os três representavam o partido do ex-presidente, o Movimento para o Socialismo (MAS).