TSE torna programa contra fake news permanente
Portaria editada por Barroso afirma que produção de informações falsas coloca democracia em risco
Em meio aos ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) às urnas eletrônicas, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tornou permanente o Programa de Enfrentamento à Desinformação, criado em 2019 para combater notícias falsas sobre o processo eleitoral. A portaria foi editada pelo presidente da Corte, ministro Roberto Barroso, e publicada na 6ª feira (6.ago.2021).
O texto afirma que a produção de informações falsas representam risco à democracia e que as experiências vividas pela Justiça Eleitoral demonstraram que a desinformação buscou atingir “a imagem e a credibilidade dos órgãos eleitorais, o sistema eletrônico de votação, o processo eleitoral e os atores nele envolvidos”, o que inclui de partidos políticos a magistrados.
Eis a íntegra da portaria (53 KB).
O Programa de Enfrentamento à Desinformação foi instituído em agosto de 2019 na gestão da então presidente da Corte Eleitoral ministra Rosa Weber. Hoje, é uma das principais bandeiras de Barroso à frente da Corte Eleitoral.
O programa é composto por 66 entidades, incluindo associações de imprensa, agências de checagem, partidos políticos e empresas de tecnologia, como Google e Facebook. A área de atuação vai de desmentir boatos e informações falsas à propostas de educação midiática.
A portaria que torna a proposta permanente foi editada em meio à crescente escalada da crise institucional entre o Planalto e o TSE. Crítico do voto impresso, Barroso se tornou alvo de ataques frequentes de Bolsonaro.
Na 6ª feira (6.ago), o presidente chamou o ministro de “filho da puta” ao conversar com apoiadores em Joinville (SC). O magistrado respondeu que não se distrai com “miudezas”.
Na semana passada, o TSE determinou a abertura de um inquérito administrativo para apurar as declarações de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas e o envio de uma notícia-crime ao STF (Supremo Tribunal Federal), aceita pelo ministro Alexandre de Moraes.
O magistrado incluiu o presidente como investigado no inquérito das fake news pela live do dia 29 de julho, no qual difundiu vídeos já desmentidos para atestar alegações de fraude nas eleições de 2018 e 2014.
Bolsonaro reagiu à inclusão no inquérito afirmando que Moraes é “ditatorial” e disse que “a hora dele vai chegar”. A ameaça levou o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, a cancelar a reunião entre os chefes dos 3 Poderes na última 5ª feira (5.ago).