Juíza determina compartilhamento com conselho de ética da Câmara de provas de rachadinha no gabinete de Flordelis
A juíza Nearis dos S. Carvalho Arce determinou o compartilhamento com o conselho de ética da Câmara dos Deputados Federais provas e depoimentos apresentados durante as investigações do caso de rachadinha no gabinete da deputada federal Flordelis. A audiência foi realizada na última sexta-feira, dia 11, e o pedido foi feito pelo assistente de acusação Jorge de Souza, representado pelos advogados Ângelo Máximo Macedo da Conceição e Telmo Bernardo Batista.
Os advogados pediram ainda o compartilhamento dos depoimentos das testemunhas Daiane, Roberta, Érica, Raquel e Rebeca com a delegacia de homicídios, para “serem inseridos no Inquérito 516/2020 que apura a terceira fase do ‘caso Flordelis'”. A juíza também determinou o encaminhamento da cópia dos depoimentos das testemunhas para à DHNSG.
Uma das filhas afetivas da deputada federal Flordelis dos Santos de Souza, Dayane Freires, afirmou em depoimento durante audiência na última sexta-feira, dia 11, no fórum de Niterói, que havia “rachadinha” no gabinete da parlamentar em Brasília. A prática consiste na devolução de parte do salário recebido pelo assessor para o político.
Questionada pelo advogado de um dos réus, Dayane afirmou ter conhecimento da prática pelos relatos de irmãos, que eram nomeados secretários parlamentares de Flordelis, e da cunhada, Luana Rangel, que também possuía um cargo.
Dayane narrou que em uma ocasião estava com Luana e ouviu da cunhada o relato de que precisava sacar dinheiro para dar ao pastor Anderson. Questionada pela juíza, a filha afetiva de Flordelis afirmou que Luana ficava com R$ 5 mil do salário e devolvia outros R$ 10 mil para Anderson. Em outro trecho do depoimento, a interpelada também afirmou que havia “rachadinha” no gabinete de Misael. Dayane relatou que após a morte do pastor Anderson do Carmo foi nomeada para um cargo no gabinete de Misael, mas precisava devolver parte de seu salário. A filha afetiva de Flordelis afirmou que após receber dois meses de salário não quis mais permanecer no cargo.
Misael e Luana, procurados por O GLOBO, negaram a prática.
As suspeitas de “rachadinha” no gabinete de Flordelis já tinham surgido no fim da segunda fase das investigações da morte do pastor Anderson do Carmo. Na ocasião, cópias da investigação foram remetidas pelo Ministério Publico do Rio para a Procuradoria geral da República para que a prática fosse investigada.
Em nota, a assessoria de Flordelis disse que a deputada “afirma que nunca houve a prática de rachadinhas em seu gabinete. E que não possui conhecimento sobre os fatos narrados. A parlamentar informa que todas as pessoas que foram nomeadas desempenham funções específicas e necessárias para a realização do trabalho parlamentar. Qualquer informação sobre o seu mandato pode ser confirmada no site do Portal da Transparência.”