Confira novos diálogos entre procuradores do Paraná e Moro
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, retirou nesta segunda-feira (1º/2) o sigilo da reclamação que deu à defesa do ex-presidente Lula acesso às mensagens apreendidas na chamada “operação spoofing”, da Polícia Federal. Trata-se de conversas entre o então juiz federal Sergio Moro e procuradores do Ministério Público no Paraná. A ConJur teve acesso a dois documentos contendo novos diálogos.
Parte das 49 páginas contendo diálogos já tinha se tornado pública na semana passada, quando o site da revista Veja revelou conversas em que Moro aparece orientando os procuradores do Paraná. O restante do material é inédito e pode ser lido aqui.
Os diálogos foram obtidos pela defesa de Lula depois que Lewandowski ordenou o compartilhamento das conversas com os advogados. Até o momento, a perícia indicada por Lula analisou 1 gigabyte dos 740 ao quais teve acesso.
Em outro documento, em que a defesa do ex-presidente informa Lewandowski sobre o andamento das análises, é destacada uma conversa entre procuradores no dia em que Lula foi preso, em 7 de abril de 2018. Nela, a procuradora Lívia Tinoco, diretora cultural da Associação Nacional dos Procuradores, parafraseava o ex-presidente.
Pouco antes de se entregar para ser levado à sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, Lula disse: “Fico imaginando o tesão da Veja colocando a capa comigo preso. Eu fico imaginando o tesão da Globo colocando a minha fotografia preso. Eles vão ter orgasmos múltiplos”.
Tinoco então escreve em um grupo com procuradores: “TRF, Moro, Lava Jato e Globo tem um sonho: que Lula não seja candidato em 2018 […] E o outro sonho de consumo deles é ter uma fotografia dele [Lula] preso para terem um orgasmo múltiplo, para ter tesão”.
“Língua felina [ferina]! tomou umas no churras e ainda não passou. Bebeu nada. Tá espertão. Disse que vai cumprir o mandado. Sim. Vai se entregar. Falando que não tem mais idade para pedir asilo”, prossegue, em referência ao discurso de Lula.
Lívia já havia sido mencionada em uma reportagem do The Intecept Brasil. Na notícia, mandava uma nota da ANPR para Deltan Dallagnol, ex-coordenador da “lava jato” em Curitiba. Pedia que o procurador aprovasse uma nota da ANPR que elogiava o próprio Deltan.
No informe enviado a Lewandowski nesta segunda, os advogados de Lula afirmam que a fala de Tinoco revela “o uso estratégico do Direito para fins ilegítimos, além do claro desprezo pela própria integridade física de Lula”. Veja o documento aqui.
Rcl 43.007
*Reportagem alterada às 18h45 desta segunda (1º/2) para constar que a frase atribuída à procuradora Lívia Tinoco foi parafraseada sobre uma declaração dada por Lula pouco antes de se entregar à Polícia Federal