Trump confirma morte de chefe do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi

Presidente dos EUA disse, neste domingo (27), que um dos terroristas mais procurados do mundo se matou ao explodir colete com explosivos durante operação militar americana.

-- Publicidade --

-- Publicidade --

O chefe do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, morreu durante uma operação militar dos Estados Unidos na Síria, afirmou o presidente norte-americano Donald Trump. O anúncio foi feito em pronunciamento na manhã deste domingo (27).

Trump disse que al-Baghdadi, um dos terroristas mais procurados do mundo, se suicidou ao acionar explosivos de um colete após ser perseguido em um túnel. A explosão matou ainda três crianças que estavam ao lado de al-Baghdadi.

Ainda de acordo com o pronunciamento de Trump, “nenhum oficial americano morreu durante a operação”, mas um dos cães militares usados na perseguição ficou ferido.

O presidente, que assistiu à ação ao lado do vice Mike Pence e de oficiais do exército americano, disse ainda que “onze crianças foram retiradas do local e estão bem”. Outras pessoas ligadas ao Estado Islâmico também morreram e algumas foram capturadas e presas.

Donald Trump, presidente dos EUA, o vice-presidente Mike Pence (2º esquerda), o secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper (3º direita), juntamente com os membros da equipe de segurança nacional, em sala na Casa Branca, em Washington, no sábado (26), observam operação que levou à morte de al-Baghdadi — Foto: Shealah Craighead/The White House/Reuters

Em seu pronunciamento, Trump utilizou palavras duras contra al-Baghdadi, dizendo que o terrorista “era um homem doente e degenerado, e agora ele já era.”

“Um assassino brutal foi eliminado. Ele não vai fazer mal a nenhum homem e nenhuma mulher”, disse Trump.

“O bandido que tentou tanto intimidar os outros passou seus últimos momentos com medo, pânico e pavor extremos, aterrorizado pelas forças americanas que se aproximavam dele”, completou.

Como foi a operação

O relato de Trump é de que al-Baghdadi foi perseguido por cães militares norte-americanos até o fim de um túnel, “choramingando e chorando e gritando por todo o caminho”. Quando chegou ao final do percurso, acuado pelos cães, detonou os explosivos. Parte do túnel desabou.

“Morreu como um cachorro, como um covarde”, disse Trump.

Abu Bakr al-Baghdadi estava sendo perseguido em uma operação que durou mais de uma hora com oito helicópteros na província de Idlib, no noroeste da Síria. Trump disse que as forças especiais “executaram uma incursão noturna perigosa e ousada”.

Al-Baghdadi fugiu pelo túnel ao ser encontrado em um imóvel, onde os militares entraram quebrando as paredes para evitar as armadilhas das portas.

Funcionários dos Estados Unidos disseram ao jornal “The New York Times” que o paradeiro de al-Baghdadi foi descoberto após o interrogatório de uma das esposas de al-Baghdadi e de um mensageiro. A região onde ele foi encontrado é controlada pela Al-Qaeda.

Segundo Trump, o corpo de Abu Bakr al-Baghdadi foi mutilado pela explosão, mas ainda assim foi possível fazer a identificação 15 minutos depois, por meio de teste de DNA.

Trump agradeceu a ajuda de outros países como Rússia, Turquia, Síria e Iraque, que forneceram informações. O presidente disse que os russos, no entanto, não sabiam detalhes da operação.

Operação que matou Abu Bakr al-Baghdadi — Foto: Guilherme Luiz Pinheiro/G1

Quem era Abu Bakr Al-Baghdadi?

Em abril deste ano, o líder da organização jihadista apareceu pela 1ª vez em 5 anos, em um vídeo de propaganda transmitido pelo Estado Islâmico.

Abu Bakhr Al-Baghdadi em vídeo divulgado no dia 29 de abril de 2019 — Foto: AFP/Al-Furqan

Nascido na cidade de Samarra, no Iraque, em 1971, com o nome Ibrahim Awad Ibrahim Ali al Badri al Samarrai, al-Baghdadi trabalhou como imã (líder religioso) durante anos, antes de se unir à resistência armada contra a ocupação norte-americana do Iraque, em 2003.

Um ano depois, foi preso pelas forças norte-americanas e levado ao campo de prisioneiros de Bucca. Após 11 meses preso, al-Baghdadi se reengajou na luta jihadista. Ele chegou a controlar grandes áreas da Síria e do Iraque, onde declarou haver um califado.

Al-Baghdadi é considerado um dos terroristas mais procurados no mundo. Os Estados Unidos ofereciam US$ 25 milhões por qualquer informação sobre ele.

Ibrahim, também conhecido como Abu Duaa, optou pelo codinome Abu Bakr al-Baghdadi al Hosseini al Quraishi em homenagem a Abu Bakr, primeiro califa após a morte de Maomé, e à tribo do profeta, Al Quraishi.

As dúvidas em relação a Abu Bakr al-Baghdadi aumentaram depois que ele perdeu o califado que proclamou em 2014 na cidade iraquiana de Mossul e que se expandia até a Síria.

Dado como morto em várias ocasiões, al-Baghdadi já costumava publicar mensagens de áudio encorajando seus seguidores a continuarem sua chamada “guerra santa”.

Estado Islâmico e al-Baghdadi

O Estado Islâmico (EI) perpetrou atrocidades contra minorias religiosas e conduziu ataques em cinco continentes em nome de uma versão ultrarradical do islã que aterrorizou os muçulmanos tradicionais.

No auge de seu poder, dominou milhões de pessoas num território que ia do norte da Síria e ao longo de cidades e vilas nos vales dos rios Tigre e Eufrates e até os arredores da capital iraquiana Bagdá. O grupo ficou ainda mais conhecido ao redor do mundo ao chocar diversos países com a divulgação de imagens que mostravam a decapitação de estrangeiros de países como Estados Unidos, Reino Unido e Japão.

Nos últimos anos, o EI perdeu a maior parte de seu território. A destruição da estrutura construída por al-Baghdadi ajudou nesse enfraquecimento, porque desfalcou o grupo de sua ferramenta de recrutamento e de sua base logística para o treinamento de combatentes e planejamento de ataques em outros países.

Mesmo assim, a maioria dos especialistas em segurança ainda consideram o EI uma ameaça capaz de realizar ataques e operações clandestinas.

Retirada norte-americana da Síria

No pronunciamento deste domingo, Trump voltou a falar das discussões sobre uma retirada da Síria. Ele disse que a a operação não alteraria sua decisão de retirar as tropas do país.

Nas últimas semanas, o presidente vem sendo alvo de críticas dos democratas e de seus correligionários republicanos ao anunciar a retirada das tropas norte-americanas do nordeste da Síria. Isso porque a medida permitiu à Turquia atacar os aliados curdos dos EUA. Além disso, existem temores de que, com a retirada norte-americana, remanescentes do EI possam se reagrupar.

Banner825x120 Rodapé Matérias
Fonte globo
você pode gostar também