Russos usam humor negro para aliviar clima durante crise do coronavírus
Por Tom Balmforth
MOSCOU (Reuters) – Os russos estão se aproveitando do gosto pelo humor negro para elevar o ânimo durante a crise do coronavírus.
Embora o número de casos esteja desacelerando, a Rússia tem a terceira maior marca, e seus cidadãos reclamam das regras de lockdown que muitos consideram rígidas demais. Além disso, há insatisfação com a ajuda insuficiente do governo a empresas.
Em um esquete na TV, o comediante Maxim Galkin fez uma paródia de uma conversa entre o presidente Vladimir Putin e o prefeito de Moscou sobre uma ordem fictícia que define um “cronograma para respirar” enquanto o lockdown é aliviado.
“Isso soa anti-democrático – como se quiséssemos controlar quem pode respirar e quando, e quem não pode”, diz de maneira sisuda o Putin da paródia.
Fazendo referência à repressão sobre seus adversários políticos, Putin continua: “É verdade que às vezes nós cortamos o oxigênio para algumas pessoas, mas não para as massas. Pelo menos não por enquanto. Vamos apenas acrescentar uma palavra e chamá-lo de ‘cronograma para se respirar livremente'”.
Outro comediante, Semyon Slepakov, fez uma canção cheia de profanidades que anseia pelo fim do lockdown para que as pessoas possam voltar às suas vidas normais, por mais deprimentes que elas sejam.
“Quero de volta um clima péssimo no país”, entoa o comediante tocando violão e acompanhado de um coral. “E aí eles poderão defecar em nossos direitos, vender nossa madeira para a China e aumentar a idade de aposentadoria para 72”, canta com sarcasmo.
Algumas piadas fazem graça do fato de empresários terem de arcar com o pagamento de seus funcionários normalmente na crise, mesmo com eles reclamando que quase não há ajuda do governo.
“Putin entra em um bar e pede cerveja para todo mundo, e então diz ‘é por conta da casa'”, diz uma piada popular.
(Repem de Maria Vasilyeva)