Rússia ameaça implantar mísseis de alcance intermediário em resposta à Otan
Declaração foi feita por emissário da chancelaria russa; faz parte da tensão crescente com a Ucrânia
O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, afirmou nesta 2ª feira (13.dez.2021) que o Kremlin pode implantar mísseis nucleares de alcance intermediário na região europeia do país. A medida seria “resposta proporcional” aos supostos planos da Otan. As informações são da Reuters.
O segmento balístico foi banido pela Europa em 1987, com a ratificação do INF (Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, na sigla em inglês).
Na ocasião, o acordo entre os EUA e a União Soviética determinou a destruição mútua dos mísseis de cruzeiro lançados do solo com alcance entre 500 e 5.500 quilômetros. Cerca de 2.700 mísseis foram eliminados pelos países até o prazo estipulado, em junho de 1991.
Em agosto de 2019, os EUA anunciaram o desligamento do INF, acusando a Rússia de violar o tratado com o desenvolvimento do míssil 9M729, parte do sistema de defesa antiaérea russo 9K720 Iskander.
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) alega que a Rússia já implantou os mísseis 9M729, chamados pelo Ocidente de “Screwdriver”, na região dos montes Urais, cordilheira que marca a divisão natural da Ásia com a Europa. A Rússia nega a instalação.
Segundo o vice-ministro, o país exige o compromisso europeu com uma moratória do INF para não “ser forçada” a instalar os mísseis Screwdriver na parte europeia da Rússia.
Para o especialista em política externa russa da Universidade de Innsbruck, na Áustria, se a avaliação da Otan estiver equivocada, o recado de Ryabkov é “o último aviso” para que a Organização negocie um acordo com a Rússia.
Autoridades dos EUA e União Europeia estão preocupados com o deslocamento de tropas militares da Rússia na fronteira com a Ucrânia, que planeja uma invasão da ex-república soviética no início de 2022, segundo dados de agência de inteligência norte-americana.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que as tropas do país estão preparadas para um conflito e que são “capazes de impedir qualquer plano expansionista do inimigo”. Entenda aqui a crise entre os países.