Rodada de negociações sobre trégua no Afeganistão termina sem avanços
O líder dos talibãs reiterou neste domingo (18) que continua “decididamente a favor de um acordo político” no Afeganistão, mas a nova rodada de negociações com representantes do governo afegão em Doha terminou sem avanços significativos, em meio a uma ofensiva dos rebeldes.
As delegações do governo afegão e dos talibãs haviam retomado ontem as conversas no Catar. As partes afirmaram em comunicado conjunto divulgado esta noite que haviam concordado com a necessidade de encontrar “uma solução justa” e de voltarem a se reunir na próxima semana.
O mediador do Catar, Mutlaq al-Qahtani, também informou que as partes concordaram em tentar “evitar vítimas civis”, muito longe do esperado cessar-fogo. O chefe do conselho governamental que supervisiona o processo de paz, Abdulah Abdulah, evitou os jornalistas.
“Em vez de depender de estrangeiros, resolvamos nossos problemas entre nós e salvemos a pátria da crise atual”, declarou pela manhã Hibatullah Akhundzada, por ocasião do Eid al-Adha (celebração do sacrifício, que dura três dias e começa em 20 de julho). “Apesar dos avanços e das vitórias militares, seguimos a favor de um acordo político. De nossa parte, estamos determinados a encontrar uma solução por meio do diálogo, mas o campo da frente continua perdendo tempo”, assinalou.
– Ofensiva –
Desde o começo de maio, coincidindo com o início da retirada definitiva das tropas estrangeiras do território afegão, as forças insurgentes lançaram uma grande ofensiva militar que não encontrou resistência das forças governamentais. Isso lhes permitiu conquistar grandes áreas rurais e controlar vários postos avançados na fronteira com o Irã, Turcomenistão, Tadjiquistão e Paquistão.
Privado do apoio aéreo dos Estados Unidos, o governo controla apenas as capitais provinciais e as principais rodovias.
Em sua mensagem, o lider dos talibãs citou uma série de promessas de um futuro “Emirado Islâmico” instalado em Cabul. Esse era o nome do regime talibã que governou o Afeganistão entre 1996 e 2001 e que foi derrubado por uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos após se negar a entregar o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, depois dos atentados do 11 de Setembro.
“Queremos estabelecer relações diplomáticas, econômicas e políticas boas e consistentes (…) com todos os países do mundo, inclusive os Estados Unidos” e “asseguramos plenamente aos países vizinhos, da região e de todo o mundo que o Afeganistão não permitirá que ninguém ameace a segurança de nenhum outro país a partir do seu solo”, afirmou Akhundzada.
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