Protestos contra toque de recolher acabam com 184 presos na Holanda
Grupos entraram em confronto com a polícia em Roterdá e outras cidades do país; houve saques e destruição de lojas
A polícia da Holanda deteve pelo menos 184 pessoas na madrugada desta terça-feira (26) durante confrontos entre agentes agentes de segurança e grupos que convocaram protestos contra a implementação do toque de recolher devido à pandemia do novo coronavírus, na terceira noite consecutiva de distúrbios no país.
As prisões aconteceram em diferentes cidades, segundo o chefe da corporação, Willem Woelers. O número de detidos, no entanto, pode ser ainda maior, porque os incidentes foram registrados até a madrugada em Den Bosch e Roterdã, onde foram mais intensos e houve intervenção da tropa de choque.
Em Den Bosch, o protesto começou no início do toque de recolher, às 21h (17h no horário de Brasília), após organização nas redes sociais. Dezenas de pessoas atacaram policiais com fogos de artifício, quebraram janelas, saquearam um supermercado e uma loja de eletrônicos, e vandalizaram carros e mobiliário público.
“Nunca tinha se ouvido falar do que aconteceu esta noite. Essas pessoas estão completamente alheias ao medo, preocupação, mágoa e vergonha que afligem aos moradores da cidade. Muitos bandidos arruinaram tudo para muitas outras pessoas. Nós não entendemos nada sobre este comportamento”, disse o prefeito da cidade, Jack Mikkers.
Segundo Mikkers, a tropa de choque demorou muito para chegar à área de protesto e isso permitiu que o grupo agisse “deixando um rastro de destruição inimaginável”. Os agentes de choque também atuaram em Helmond, Oss e Eindhoven, o que pode ter atrasado sua chegada a Den Bosch.
Os representantes da polícia afirmam terem feito tudo o que foi possível para impedir a ação de vandalismo. Uma investigação já está em andamento para identificar e prender os responsáveis.
No sul de Rotterdã, um grupo de cerca de 200 agitadores iniciou um confronto com a polícia, atirando pedras e fogos de artifício contra os homens da corporação. Seguindo o mesmo método do restante do país, saquearam lojas, quebraram vidraças, e chegaram a tentar atear fogo a um carro da polícia.
Os agentes da força de segurança usaram canhões de água para dispersar o grupo, embora também tenha havido tiros para o alto, como aviso, após os policiais serem encurralados por vários jovens.
Também houve distúrbios em outras partes do país, como na parte oriental de Amsterdã, Haarlem, Haia, Geleen, Helmond, Zwolle, Almelo, Breda e Tilburg, mas a polícia conseguiu controlar a situação mais rapidamente.
Prefeitos e deputados destacaram hoje preocupação com a nova noite de tumultos, a terceira desde que o toque de recolher entrou em vigor no país, no último sábado.
“Bandidos sem vergonha, não posso dizer mais nada. Tivemos que ameaçar usar gás lacrimogêneo, uma medida de longo alcance, acho triste porque nunca tive que fazer algo assim em toda a minha carreira”, respondeu o prefeito de Rotterdã, Ahmed Aboutaleb.
Segundo Hubert Bruls, presidente do comitê nacional de segurança, as autoridades holandesas já temiam que os atos violentos se espalhassem por mais cidades do país e lamentou como é “terrível ver como milhares de pessoas ao redor do país que foram mantidos reféns por alguns dias”.