Poucos economistas acham que PIB dos EUA continuará encolhendo; eles têm razão?
Queda do indicador pelo segundo trimestre consecutivo deu início ao debate sobre o país estar ou não em recessão.
Apenas uma minoria de economistas previu corretamente que a economia dos EUA encolheria no último trimestre. O número que espera que continue se contraindo no período atual é ainda menor.
O PIB americano caiu pelo segundo trimestre consecutivo no período entre abril e junho, segundo relatório do governo na semana passada, dando início a um debate sobre se os EUA estão em recessão. A queda de 0,9% contrastou com uma previsão mediana de crescimento de 0,4% na pesquisa da Bloomberg junto a economistas.
Para o período atual, os economistas estão mais otimistas. A expectativa mediana é de crescimento de 1,7% – e há menos números negativos na pesquisa, com apenas cinco dos 55 participantes antecipando outra contração.
Mas os pessimistas estavam certos da última vez. Seguem os motivos por que esses cinco analistas pesquisados pela Bloomberg esperam que a economia dos EUA continue encolhendo.
‘Mix de indicadores’
“O mix de indicadores nos incomoda”, diz Michael Gapen, recém-nomeado economista-chefe para EUA no Bank of America. Ele espera um declínio no PIB de 0,5% neste trimestre, seguido por novas contrações até o início de 2023.
O choque na renda real que os consumidores tem sofrido, à medida que a inflação aumenta o custo de bens não discricionários, como alimentos e energia, está pesando na confiança, diz Gapen.
‘É claro’
“É claro que estamos em recessão”, diz John Dunham da empresa de pesquisa John Dunham & Associates. Ele espera que uma “recessão superficial” continue pelo menos até o próximo ano, com uma variedade de fatores minando o ímpeto da economia dos EUA.
“A inflação deve continuar em níveis altos no futuro próximo e pode piorar muito dependendo das relações internacionais, das políticas fiscal e monetária dos EUA e da política regulatória que parece estar ficando muito pior”, disse.
Menos Poupança
Economistas acadêmicos enfatizam que a leitura negativa do PIB para o segundo trimestre é uma estimativa antecipada altamente suscetível a uma revisão. Mas Leo Feler da UCLA, Anderson Forecast diz que a “combinação de taxas de juros mais altas e a diminuição da demanda do consumidor é o que acho que pode desencadear uma contração ainda maior e mais ampla da economia no final deste ano e no início de 2023”.
Os consumidores também estão gastando a poupança acumulada nos últimos dois anos, diz Feler. “Ainda não parece que estamos em recessão, mas ainda é bastante cedo no ciclo de aperto.”
Aperto da classe média
Mikhail Melnik, professor de economia da Kennesaw State University, na Geórgia, diz que a inflação e os problemas contínuos nas cadeias de suprimentos levaram os EUA a uma recessão em algum momento do primeiro semestre deste ano. A alta nos preços não é do tipo que pode ser facilmente tratada pela política monetária, diz ele.
“Os consumidores se sentem mais pobres e precisam cortar gastos com itens discricionários”, diz Melnik. “A classe média está sendo espremida para fora desta economia.”
Pequenas empresas
Bill Dunkelberg, economista-chefe da Federação Nacional de Negócios Independentes dos EUA, diz que as decisões de contratação e gastos de pequenas empresas são moldadas por opiniões sobre as perspectivas de tudo, desde política e política econômica até condições de mercado e clima. A última pesquisa com os membros de seu grupo mostra uma perspectiva muito negativa.
O emprego ainda é robusto, com muitas vagas e salários em alta, o que não soa como uma recessão, mas o lado da produção está vacilando. Os empresários esperam que as vendas continuem caindo e mais empresas planejam reduzir estoques. “Esses indicadores são um argumento muito forte para um declínio na atividade econômica”, diz Dunkleberg.