‘Não tinha nenhuma expectativa de justiça no Japão’, diz Carlos Ghosn à CNN

Em entrevista exclusiva, ex-CEO da Renault e da Nissan disse que fugiu do Japão porque não acreditava no sistema judiciário do país

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Carlos Ghosn, ex-CEO da Renault e da Nissan, disse ao CNN Entrevista Especial que fugiu do Japão porque não acreditava no sistema judiciário do país. “Eu fugi porque não tinha nenhum indício de Justiça”, afirmou.

Acusado de sonegar impostos e utilizar dinheiro das empresas para fins pessoais, o executivo estava em prisão domiciliar em Tóquio quando escapou num jato particular dentro de uma caixa de instrumentos musiciais.

Ghosn — que tem nacionalidades brasileira, francesa e libanesa — vive no Líbano e não pode sair do país, porque se tornou um fugitivo procurado pela Interpol. Ele falou com o CNN Entrevista Especial por skype de sua casa em Beirute.

O executivo não quis dar detalhes sobre a fuga cinematográfica, mas reconheceu que traçou um “plano bem sucedido, simples e rápido”. “A força do Japão é que eles são muio bem organizados. Mas, por isso, eles também são previsíveis. Quando alguém é previsível, é possível burlar o sistema”.

Antes da prisão, ele era reconhecido com um dos mais brilhantes do setor automotivo, por ter recolocado a Renault na rota do crescimento, além de costurar uma aliança entre a empresa francesa e a japonesa Nissan.

Ghosn avaliou ainda que sua prisão foi um “choque” e que “achou que era um brincadeira”. O executivo diz que foi alvo de “golpe” para evitar uma fusão definitiva entre Renault e Nissan. “Não percebi um golpe desse tamanho”, afirmou. “Houve uma maquinação entre o procurador público, alguns elementos da Nissan, com apoio do Ministério da Indústria do Japão.

Ele e sua esposa, Carole, estão lançando um livro com sua história no Brasil, chamado “Juntos, Sempre”, pela editora Íntrinseca. Na obra, ele tenta justificar sua fuga como um ato de amor por sua esposa, com a qual não podia se comunicar.

CNN entrou em contato com a Nissan, que preferiu não comentar o assunto. Em declarações anteriores, a montadora negou a acusação de conspiração na companhia.

A embaixada do Japão respondeu com uma declaração da ex-ministra da justiça do país, afirmando que o brasileiro estava justificando a fuga do país “propagando informação falsa sobre o sistema de justiça japonês”

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