Macron defende ministro acusado de estupro: “presunção de inocência”
Presidente vem sendo pressionado por conta da nomeação de seu novo ministro do Interior
O presidente francês Emmanuel Macron defendeu nesta terça-feira, sua decisão de nomear um homem acusado de estupro no comando de todas as forças policiais do país, citando a presunção de inocência.
Após vários protestos dos grupos de direitos das mulheres contra a nomeação na semana passada de Gerald Darmanin como ministro do Interior – a quem compete a chefia da segurança nacional, incluindo a polícia – Macron insistiu dizendo que “compartilha a causa feminista” e prometeu continuar pressionando por medidas mais duras contra a violência sexual e a igualdade de gênero.
Em entrevista concedida nesta terça-feira, 14, dia nacional da França, a redes de televisão, Macron foi questionado sobre a indicação. “Existe a presunção de inocência. Nenhuma causa pode ser defendida de maneira justa se você fizer isso ignorando os princípios de nossa democracia”, argumentou.
Darmanin nega a acusação de estupro e uma investigação está em andamento.
Fazendo uma referência ao movimento global #MeToo, Macron insistiu que a justiça seguisse seu curso e que ninguém se tornasse “vítima de um julgamento das ruas e das redes sociais”, e que a França não deveria adotar o “pior das sociedade anglo-saxãs”. Macron quis criticar o braço norte-americando do movimento, que incentiva e dá apoio às vítimas de abuso sexual cometidos por homens poderosos que desejam fazer acusações nas redes sociais ou expor suas experiências.
Grupos feministas e ativistas franceses pedem a renúncia de Darmanin, alegando que a nomeação é um golpe para as vítimas de violência sexual e contradiz as promessas de Macron de fazer da igualdade de gênero uma “grande causa” de sua presidência. Muitos também criticam a nomeação de outro executivo do governo, o ministro da Justiça Eric Dupond-Moretti, que ridicularizou o movimento #MeToo e defendeu um alto funcionário do governo que foi acusado de estupro.
Acusação
Sophie Patterson-Spatz acusou o novo ministro do Interior de estuprá-la em 2009, quando ela trabalhou como gerente de projetos no departamento de assuntos jurídicos do partido UMP de centro-direita.
Na época, Darmanin era conselheiro local no norte da França. Patterson-Spatz disse que se sentiu pressionada para fazer sexo com Darmanin depois de pedir assistência jurídica em relação a uma sentença suspensa por chantagem.
Em 2017, quando Sophie fez a acusação, uma investigação foi aberta porém mais tarde suspensa, com os procuradores alegando que não conseguima estabelecer “ausência de consentimento”, como informa a BBC. Enquanto isso, os advogados de Darmanin a acusaram de “tentativa grosseira de prejudicá-lo” e disseram que a estavam processando por difamação.
Após uma série de recursos, no mês passado, um tribunal em Paris ordenou que os promotores reabrissem a investigação. No passado, Darmanin também foi acusado de assédio sexual enquanto prefeito de Tourcoing, cidade no norte da França. Uma mulher não identificada disse que ele pediu favores sexuais entre 2014 e 2017 em troca de moradias sociais – alegações que ele também nega veementemente.