Justiça da França investiga remuneração do presidente do comitê organizador de Paris-2024
A Justiça francesa abriu uma investigação sobre as condições remuneratórias do presidente do comitê organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Paris (Cojop), Tony Estanguet, confirmou nesta terça-feira à AFP uma fonte próxima do caso.
A Procuradoria Financeira nacional se concentra na análise da remuneração anual de Estanguet, que ascendeu a 270.000 euros brutos (equivalente a R$ 1.449.225, na cotação atual) até 2020, segundo dados divulgados pela Cojop em 2018. No entanto, o montante deveria ter sido inferior a isso, de acordo com o estatuto jurídico do comitê.
“A comissão organizadora está surpresa ao descobrir esta informação”, reagiu o Cojop, em contato com a AFP, garantindo que a remuneração do seu presidente “está regulada com muito rigor”.
O medalhista olímpico de canoagem ganhou 270 mil euros brutos (equivalente a R$ 1.449.225, na cotação atual) até 2020, segundo números divulgados pelo Cojop em 2018, uma remuneração que pode variar em 20% dependendo de determinados objetivos.
No entanto, este valor deveria ter sido inferior, tendo em conta o estatuto jurídico do comitê na França.
Segundo matéria recente do semanário Le Canard Enchaîné, o atleta criou uma empresa que cobra “serviços não comerciais” ao comitê que dirige. Isto levanta questões sobre o controle “da realidade e da qualidade dos serviços” prestados pela empresa Estanguet, destacou o jornal, em outubro.
“O primeiro conselho de administração da comissão organizadora decidiu e validou no dia 2 de março de 2018 a remuneração de Tony Estanguet, na sua ausência, de forma soberana e independente”, afirmou o Cojop.
No início de 2021, dois relatórios da Agência Francesa Anticorrupção (AFP) sobre a organização dos Jogos Olímpicos apontavam “riscos” de falta de probidade e “conflito de interesses”.
Num desses relatórios, a AFA se referiu ao caso da empresa Estanguet como uma “configuração atípica” que “não está isenta de dificuldades”, lembrou Le Canard Enchaîné.
A Justiça francesa abriu outras três investigações financeiras sobre a organização dos Jogos Olímpicos devido a suspeitas de favoritismo e desvio de fundos na adjudicação de contratos.