França tem marchas em todo o país contra extrema direita

Esquerda rompe trégua da pandemia e volta às ruas de várias cidades francesas, em protesto contra o que denuncia ser o estabelecimento de ideias extremistas de direita no centro da sociedade.

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Dezenas de milhares de pessoas em toda a França foram às ruas neste sábado (12/06), numa série de marchas contra o que os organizadores denunciam ser uma influência crescente de ideias de extrema direita na sociedade.

Membros de mais de 100 organizações de esquerda participaram da chamada “Marcha da Liberdade”. Os protestos foram a primeira oportunidade para uma esquerda dividida ir às ruas após um ano e meio de restrições devido à pandemia.

Os organizadores estimaram em 70 mil o número de participantes em Paris e 150 mil em todo o país. A polícia e o Ministério do Interior divulgaram estimativas mais moderadas, de 9 mil participantes na capital e 37 mil no resto da França.

Segundo o governo francês, houve 119 marchas durante o sábado no país.

Em Nantes, no oeste da França, cerca de 900 pessoas compareceram a um protesto que terminou em conflito com a polícia.

No porto mediterrâneo de Marselha, mais de mil manifestantes marcharam pedindo “unidade para quebrar o capitalismo que leva ao fascismo”.

Os participantes levaram diferentes pautas às manifestações. Eles protestaram, por exemplo, contra uma lei que abre espaço para processos judiciais contra quem publicar imagens de policiais em ação.

Também houve, protestos, como em Paris e Toulouse, por exemplo, contra o que os manifestantes acusam ser o estabelecimento de ideias de extrema direita no centro da sociedade, com as eleições do próximo ano como pano de fundo.

“As ideias de extrema direita estão ganhando terreno”, disse um professor de 54 anos na cidade de Toulouse, à agência de notícias AFP.

As ideias de extrema direita, alertou Benoît Hamon, candidato presidencial socialista em 2017, “não são mais monopólio dos partidos de extrema direita e já penetraram amplamente na classe política francesa”.

Farinhada em Mélenchon

Em Paris, o líder de esquerdista Jean-Luc Mélenchon teve farinha jogada em seu rosto enquanto falava aos repórteres.

Um suspeito preso no final do dia alegou ser um “soberanista”. Mais tarde, especialistas em redes sociais disseram que o detido propagava comentários de extrema direita no Youtube.

A ação contra Mélenchon, que foi acusado de alimentar teorias conspiratórias antes das eleições presidenciais, veio dias depois de o presidente Emmanuel Macron ter recebido um tapa na cara de um popular.

Jordan Bardella, vice-presidente do partido de ultradireita Frente Nacional, classificou as manifestações de sábado como uma tentativa de desviar a atenção das observações de Mélenchon sobre terrorismo.

Recentemente, Melénchon foi acusado de alimentar teorias conspiratórias depois de dizer que algum tipo de “incidente sério ou assassinato” poderia acontecer, com o objetivo de manipular eleitores antes do pleito de 2022.

Entre os grupos que participaram das marchas deste sábado estavam socialistas, comunistas, ecologistas e sindicatos.

Pesquisas de opinião indicam que candidatos de esquerda ficariam de fora novamente do segundo turno das presidenciais francesas, que seria disputado entre a ultradireitista Marine Le Pen e Macron, de centro-direita.

RPR (AFP, ots)

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Fonte dw
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