Aliado de Putin, Viktor Orbán declara vitória eleitoral e continua no poder na Hungria
O partido Fidesz, de Orbán, liderava com 71% dos votos apurados; oposição reconhece derrota
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, declarou vitória nas eleições parlamentares do país neste domingo (3), conquistando um quarto mandato consecutivo no poder.
O partido Fidesz, de Orbán, liderava com 71% dos votos apurados, disse o conselho eleitoral nacional da Hungria.
A campanha eleitoral foi dominada pela invasão da Ucrânia por Moscou, que colocou a longa associação de Orbán com o presidente russo Vladimir Putin sob escrutínio. Em seu discurso de vitória, Orbán chamou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de um dos “oponentes” que ele teve que superar durante a campanha.
A Hungria depende fortemente da energia russa e Orbán evitou oportunidades de condenar o ataque de Putin ao seu estado vizinho, complicando os esforços da UE para apresentar uma frente unida contra ele.
Mas apesar das pesquisas de opinião preverem uma disputa mais acirrada, o partido Fidesz de Orbán venceu confortavelmente em grande parte do país. O líder da oposição, Peter Marki-Zay, não conseguiu vencer em seu próprio distrito, onde foi prefeito.
“Temos uma vitória que pode ser vista da lua, mas é certo que pode ser vista de Bruxelas”, disse Orbán em seu discurso na noite de domingo, minimizando as tensões de longa data de seu governo com os líderes da UE.
“Lembraremos desta vitória até o fim de nossas vidas porque tivemos que lutar contra uma enorme quantidade de oponentes”, disse Orbán, citando vários de seus inimigos políticos, incluindo a esquerda húngara, “burocratas” em Bruxelas, a mídia internacional, “e o presidente ucraniano também – nunca tivemos tantos oponentes ao mesmo tempo.”
“Relação espinhosa com a UE”
Orbán ganhou controle próximo do judiciário, mídia e instituições educacionais da Hungria durante seu mandato de 12 anos no poder, que agora deve ser estendido até 2026.
Os críticos há muito se queixam de que ele inclinou o campo de jogo político contra seus oponentes. No mês passado, o Escritório de Instituições Democráticas e Direitos Humanos da Europa (OSCE) recomendou uma operação de monitoramento internacional em grande escala da votação em 3 de abril – um movimento raro para um estado da UE – depois de avaliar alegações de “uma deterioração geral das condições para eleições democráticas”.
“O mundo inteiro pôde ver esta noite em Budapeste que a política democrata-cristã, a política conservadora e a política nacionalista venceram”, disse Orbán na noite de domingo. “Nossa mensagem para a Europa é que não é o passado, mas o futuro. Este será nosso futuro europeu comum.”
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, Orbán fez campanha principalmente em uma plataforma para manter as tropas e armas da Hungria fora do conflito. Ele apoiou a maioria das sanções da UE contra a Rússia desde que invadiu a Ucrânia, mas resistiu a ir mais longe e se apresentou como um pacificador para os eleitores.
A oposição o criticou por sua postura. “Putin está reconstruindo o império soviético e Orbán está apenas observando com calma estratégica”, disse o líder da oposição Marki-Zay em um comício em março, informou a Reuters.
Mesmo antes da invasão, Orbán tinha uma relação espinhosa com a UE. Seu governo foi criticado por figuras importantes do bloco por questões de Estado de Direito; no início deste ano, o tribunal superior da Europa permitiu que a UE bloqueasse o financiamento à Hungria e à Polônia por violar os direitos democráticos.
Um referendo também foi realizado no domingo sobre a controversa lei de Orbán que proíbe materiais e programas educacionais para crianças que promovem a homossexualidade e a mudança de gênero. Os resultados dessa votação ainda não foram confirmados.