“Voltar ao Brasil para ser preso está fora de cogitação”, afirma Zé Trovão
Caminhoneiro está foragido no México e disse esperar resposta de pedido de asilo político feito ao país
Investigado em inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a organização de atos violentos a favor do governo federal no 7 de Setembro, o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, disse que descarta a possibilidade de voltar ao Brasil para ser preso. Ele é alvo de um mandado de prisão preventiva decretado pelo ministro Alexandre de Moraes, e está foragido no México.
“Pretendo voltar quando a situação da minha prisão for resolvida. Meus advogados já fizeram mais de 10 pedidos, mas o ministro Alexandre de Moraes negou”, declarou o caminhoneiro, em entrevista ao portal Metrópoles divulgada nesta 3ª feira (12.out.2021).
“Eles pediram que eu pudesse retornar ao Brasil sem ser preso. Voltar ao Brasil para ser preso está fora de cogitação. Se me falarem: ‘Você só volta para o Brasil se fizer uma carta pedindo perdão para o ministro Moraes’, então vou passar o resto da minha vida fora do Brasil”, afirmou.
Zé Trovão disse esperar resposta do governo mexicano sobre pedido de asilo político e que pretende voltar a trabalhar. “Fiz uma entrevista no consulado na semana passada. Talvez eu consiga uma autorização para trabalhar. Aí eu posso dirigir caminhão no México, que é o que eu sei fazer”.
Disse ainda que está acolhido na casa de um amigo brasileiro com cidadania mexicana. Por não trabalhar, afirmou que está sem recursos próprios. Sobre as falas contra o STF e o Senado, afirmou ser um homem “que não se arrepende do que faz” e não mudaria as declarações.
“Eu posso pagar um alto preço, mas não retiro o que disse. Talvez o tom das palavras tenha sido equivocado, mas não as críticas para Moraes e os outros que estão cometendo crimes. Se dentro desse acordo eles forem fazer o papel deles como ministros, para mim está tudo certo.”
Por acordo, Zé Trovão se referiu à carta de recuo do presidente Jair Bolsonaro, divulgada em 9 de setembro. “Se Bolsonaro deu um passo atrás, isso mostra coragem. Não é qualquer um que volta atrás, não. Ele fez duras críticas e depois defendeu a harmonia entre os Poderes. Perfeito. É isso o que eu mais quero. Não adianta só um lado ceder. Precisamos que os Poderes recuem e façam seu papel. Me parece que está começando a surgir isso”.
O caminhoneiro disse acreditar em Bolsonaro e que o presidente não tem obrigação de falar sobre ele ou fazer um gesto de solidariedade. “Nós entramos numa luta muito grande. Não iria acabar do dia para a noite”, afirmou.
Sobre se Bolsonaro extrapolou seu trabalho ao ameaçar as eleições de 2022 ou referir-se a um possível golpe de estado, desconversou: “Olha, eu acredito que assim… É… Talvez uma… Um momento… Todo ser humano num momento de ira às vezes fala alguma coisa que não deveria. Isso é natural”.