Vilipêndio à memória e à obra de Paulo Freire por parte de Bolsonaro é inaceitável. Por Aloizio Mercadante
Por Aloizio Mercadante
Depois de ser condenado por comitê das Organizações das Nações Unidas (ONU) por violar tratados internacionais sobre tortura, Bolsonaro volta a vilipendiar a memória e a obra de Paulo Freire, um intelectual brilhante, que dedicou sua vida à educação. Bolsonaro agrediu um brasileiro que é referência mundial no processo de alfabetização de jovens e adultos a partir da construção da pedagogia libertadora.
Essa é mais uma grosseria inaceitável, que não condiz com o decoro do cargo de presidente. Como habitual, é mais uma tentativa de Bolsonaro de mudar a pauta em razão de mais um vexame internacional, que seu governo submete o país.
É simbólico que Bolsonaro ataque Paulo Freire exatamente no dia em que essa condenação na ONU se torna pública. Afinal, Paulo Freire foi perseguido pela ditadura militar, que exilou, torturou, censurou e amordaçou a democracia brasileira. Já Bolsonaro flerta cotidianamente com o autoritarismo, com a intolerância e com o ataque ao estado de direito e todos os valores civilizatórios que ele representa.
Paulo Freire já entrou para a história. É o autor brasileiro mais citado internacionalmente em trabalhos acadêmicos das ciências humanas e o segundo brasileiro mais agraciado com títulos de doutor honoris causa. Paulo Freire está eternizado na obra Efter Badet, junto com outras seis personalidades consideradas mundialmente relevantes na década de 70. Há, em muitos países do mundo, diversos centros que homenageiam Paulo Freire. Na Finlândia, há um dedicado a “discutir seu legado para tornar o mundo mais igual e justo para todos”.
Sobre Bolsonaro, o que temos é percepção generalizada de que está em curso uma tragédia na democracia, nos direitos humanos e, especialmente, na educação brasileira. O que acontece é que, com Bolsonaro, o Ministério da Educação passou a ocupar os noticiários pela divulgação de notícias falsas, pelo ataque à educação pública e universal e pelos graves retrocessos obscurantistas.