Senador do escândalo da cueca declarou ter mais de meio milhão em espécie
O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com dinheiro dentro da cueca em operação da Polícia Federal, declarou à Justiça Eleitoral ter mais de meio milhão de reais em espécie, guardados em casa. As informações prestadas por ele em 2018, quando concorreu ao Senado, apontam uma soma de R$ 525 mil em dinheiro vivo.
De uma eleição a outra, portanto, acumulou mais R$ 70 mil em notas. Os valores contrastam com o que ele mesmo diz ter na conta bancária. Em 2018, excluídas as quantias de dependentes, informou R$ 4.578,03. Em 2014, declarou manter R$ 53,2 mil em uma conta do Banco do Brasil.
O patrimônio do senador saltou de R$ 1.765.047,16 para R$1.999.315,15, conforme dados disponíveis na base do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Significa que 26% de todos os seus bens estão em dinheiro vivo.
Não é crime manter altas quantias de dinheiro em casa, fora do sistema bancário. No entanto, as cifras chamam a atenção de órgãos de fiscalização.
Investigadores sempre alertam que parte das declarações informadas à Justiça Eleitoral pode ser estratégia para lavagem de capital antecipada. O recurso informado pode servir como tentativa de álibi para caixa 2 eleitoral.
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o afastamento do senador do mandato. A decisão, assinada nesta quinta-feira, 15, ainda precisa passar por votação no Senado Federal, para que seja validada.
O parlamentar é investigado em inquérito que apura desvio de recursos destinados ao enfrentamento da pandemia de covid-19. A PF encontrou R$ 30 mil reais escondidos dentro da cueca do senador, no momento da operação policial.
Em nota à imprensa, Rodrigues disse que tem “um passado limpo e uma vida decente” e afirmou nunca ter se envolvido em escândalos. “Acredito na justiça dos homens e na justiça divina. Por este motivo estou tranquilo com o fato ocorrido hoje em minha residência em Boa Vista, capital de Roraima. A Polícia Federal cumpriu sua parte em fazer buscas em uma investigação na qual meu nome foi citado. No entanto, tive meu lar invadido por apenas ter feito meu trabalho como parlamentar, trazendo recursos para o combate ao Covid-19 para a saúde do Estado”, afirmou o senador.
O senador observou, ainda, que ao longo de 30 anos na política conheceu “muita gente mal intencionada”, a fim de macular sua imagem. “Ainda mais em um período eleitoral conturbado como está sendo o pleito em nossa capital”, declarou.