Rui Costa Pimenta: indicação do Brasil ao Oscar é uma forma de protesto
Para o presidente do PCO, “a indicação do documentário brasileiro [Democracia em Vertigem] é uma forma de protesto, de crítica tanto ao governo Bolsonaro no Brasil, que é visto pelos liberais democratas e esquerdistas do mundo todo como um governo horrendo, como também ao governo Trump. Acho que foi uma manifestação política”. Assista
O presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, conversou com a TV 247 sobre a indicação do documentário brasileiro “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, que retrata a articulação do golpe de 2016 contra a ex-presidenta Dilma Rousseff. Ele também falou do plano do PT para a criação de núcleos de evangélicos progressistas.
Para Rui, a indicação do filme brasileiro ao Oscar é uma manifestação política da premiação, contra o governo de Jair Bolsonaro e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Todo ato de grandes instituições, e até de pequenas, tem um significado político. Todo mundo sabe que as indicações para o Oscar não são feitas simplesmente porque o filme tem maior ou menor qualidade, tem muita visão política por trás disso. Acho, primeiramente, que a indicação do documentário brasileiro é uma forma de protesto, de crítica tanto ao governo Bolsonaro no Brasil, que é visto pelos liberais democratas e esquerdistas do mundo todo como um governo horrendo, como também ao governo Trump. Acho que foi uma manifestação política”.
Ele comentou ainda o incômodo da direita e extrema-direita do Brasil, como o PSDB e o MBL, em relação à indicação. “Para eles, alguém vir e falar que foi um golpe que eles organizaram logicamentre que é muito inconveniente. Em vez de debater a coisa seriamente, eles saíram com uma tirada bolsonarista dizendo que é fantasia, que vai ganhar o melhor roteiro de filme de imaginação e tal. O filme é muito inconveniente porque mostra o golpe”. Rui Costa Pimenta disse também que a reação da direita se deve ao fato de o documentário mostrar para o mundo que este setor político foi o articulador do golpe, ou seja, que derrubaram Dilma de forma injusta.
Sobre a criação de núcleos evangélicos, Rui acredita que essa é uma política pouco efetiva, porque não é possível definir os evangélicos como uma massa de pessoas que pensam igualmente de forma política. “Nós não podemos dividir a sociedade entre evangélicos e não evangélicos, ou evangélicos e outras religiões. Os evangélicos são uma parcela muito expressiva da população brasileira e, portanto, não dá para você presumir que todos esse evangélicos têm a mesma opinião política. As igrejas evangélicas estão divididas também por outros motivos, por classes sociais, por opiniões políticas, por opiniões diversas a vários assuntos da sociedade brasileira. É um equívoco você classificar a posição política dos evangélicos em bloco, tanto é assim que uma das pessoas mais conhecidas do PT no Rio é evangélica, a Benedita da Silva”.
Para ele, o plano do PT não passa de uma estratégia eleitoral. “É uma política que não atinge em cheio o problema. O que nós precisamos é estabelecer na sociedade brasileira uma divisão entre os setores que são a favor das demandas populares e os setores que são reacionários. Não acho que isso vai ser atingido com a criação de núcleos evangélicos. Essa é uma política de voo curto, de caráter puramente eleitoral”.