PF tem até 28 de janeiro para ouvir Bolsonaro sobre vazamento de dados sigilosos
Presidente é investigado por ter divulgado, durante live, informações de apuração em andamento sobre ataque hacker ao TSE
A Polícia Federal tem até o dia 28 de janeiro para tomar o depoimento presencial do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre o vazamento de documentos sigilosos. O prazo foi estabelecido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que é relator do inquérito.
Bolsonaro é investigado por ter divulgado, durante uma live em agosto de 2021, dados de uma apuração da PF em andamento sobre um ataque hacker ao sistema interno do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2018, replicando o vídeo em redes sociais. O presidente, entretanto, não trouxe provas sobre a suposta violação no pleito.
A abertura do inquérito sobre o vazamento foi uma determinação do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que atendeu a um pedido do próprio TSE. A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu prorrogação do prazo no fim de novembro, estendido por mais 45 dias.
Filipe Barros (PSL-PR), que estava na live com o presidente, já prestou depoimento, onde disse que ambos não tinham ciência de que esse inquérito era sigiloso. O delegado que apurava o ataque ao TSE e acabou afastado do cargo também foi ouvido.
Depoimento acontecerá em meio a novos ataques contra ministros do STF
A determinação acontece no momento em que Bolsonaro voltou a atacar os ministros do Supremo. Na última semana, afirmou que Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, e Moraes eram “defensores de Lula”.
Os ministros não vão responder aos ataques, por enquanto. A ideia é esperar, e se Bolsonaro insistir, o presidente do STF, Luiz Fux, vai se posicionar institucionalmente. A avaliação é de que, em ano eleitoral, o Planalto tende a esticar a corda para tentar vender à militância a imagem de que o judiciário “atrapalha” o governo.
Moraes é relator de quatro de cinco inquéritos abertos na corte para investigar o presidente. No ano passado, Barroso rebateu o presidente quando ele colocou em dúvida a segurança das urnas eletrônicas.