O que é transtorno bipolar? Perguntamos a especialistas

A pergunta "o que significa uma pessoa bipolar" cresceu mais de 5000% em buscas no Google

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No último mês, Kanye West esteve no centro dos debates após uma série de declarações e publicações polêmicas e devido à sua repentina candidatura à presidência dos Estados Unidos.

Nesse mesmo período, sua mulher e empresária, Kim Kardashian, também declarou que o rapper sofre de transtorno bipolar e pediu a compreensão a respeito do que está acontecendo. A partir daí, as buscas pelo transtorno aumentaram exponencialmente no Google. A pergunta “o que significa uma pessoa bipolar” teve um aumento repentino e cresceu mais de 5000%.

Por isso, viemos aqui te explicar o que é o TBP e como ele pode ser tratado. Aos detalhes:

O QUE É O TRANSTORNO BIPOLAR?

“O transtorno bipolar – TBP (antigamente chamada de psicose maníaco-depressiva) é um transtorno mental caracterizado por alterações extremas na energia, humor, pensamento e na habilidade de realizar as atividades de vida diária com intervalos de humor normal”, explica Elaine Henna, psiquiatra da PUC.

Segundo a psicóloga da PUC, Ana Laura Schliemann, o transtorno bipolar gera essa alteração de estados de humor. Por exemplo: “uma pessoa é depressiva, está sempre triste, mas num outro momento está superenérgica e disponível para fazer as coisas e tocar projetos cotidianos.”

QUAIS SÃO OS TIPOS DE BIPOLARIDADE?

Há dois tipos principais de transtorno e todos eles envolvem mudanças claras na energia da pessoa. As mudanças vão de períodos de humor “extremamente para cima” e grande aumento da energia (episódios de mania) a períodos de estar “para baixo”, tristeza, indiferença e desesperança (depressão).

Abaixo, te explicamos cada tipo e lembramos que nunca se deve fazer um autodiagnóstico, sempre busque a ajuda de um profissional caso você ou alguém que conhece tenham suspeitas.

BIPOLAR TIPO 1: Definido por episódios maníacos que duram pelo menos sete dias ou por sintomas tão severos que há necessidade de internação imediata. O sintoma mais comum é aumento anormal e persistente na energia e do humor resultando em humor alegre, expansivo, reações emocionais intensas, instabilidade, tendência a reações de fúria e explosões.

O pensamento torna-se acelerado, com profusão de ideias, fala rápida e difícil de ser compreendida, incapacidade de manter atenção, sensação de grandiosidade. Durante os episódios de depressão, que têm que durar pelo menos 15 dias para se categorizarem como tal, as pessoas sentem uma diminuição da energia e podem sentir-se para baixo, tristes, preocupadas e sem esperança. O sono e apetite se alteram, podendo estar aumentados ou diminuídos. Há dificuldade em pensar, se concentrar e tomar decisões. Há um sentimento de incapacidade e inabilidade em experimentar sensações prazerosas.

BIPOLAR TIPO 2: relembrando que o que define transtorno bipolar são os períodos de euforia, já que a depressão é comum a todos os tipos. No tipo 2, os sintomas eufóricos são menos severos. Os pensamentos ficam mais rápidos e fluidos, há um aumento do interesse por coisas diferentes. Há uma sensação de bem-estar, felicidade e autoestima. A irritabilidade também está presente. Há aumento do interesse sexual e por atividades de prazer. Nesse caso, a pessoa tem uma tendência de estar no polo depressivo do transtorno. 

Segundo a psiquiatra Elaine, o transtorno bipolar é uma condição para a vida toda. “Episódios de mania/hipomania e depressão tipicamente vêm e voltam com o tempo. Entre os episódios, muitas pessoas ficam livres de alterações no humor, entretanto, algumas podem experimentar sintomas leves residuais. Portanto, deve-se considerar planos de tratamento a longo prazo junto ao profissional que acompanha o paciente”, explica.

QUAIS AS CAUSAS?

Existem as causas orgânicas, uma tendência e prevalência em situações de família. E também percebe-se uma cultura que está ligada ao desenvolvimento de quadros depressivos e situações de mania. “O tempo todo estamos fazendo, fazendo e com pouco tempo para pensar e elaborar. É uma cobrança de entregas”, finaliza Ana.

Afinal, existe cura? “Essa é uma palavra muito subjetiva. O que a gente vê, são pessoas que conseguem melhorar o quadro. A palavra cura tem que ser usada com muito cuidado”.

Transtorno bipolar: o que é, quais os sintomas e como é feito o tratamento (Foto: Getty Images )

QUAIS SÃO OS SINTOMAS?

“A gente percebe que a pessoa tem uma mudança nos padrões de sono. Acaba não tendo muita energia para fazer as coisas rotineiras. O que aparece muito também são situações de polaridade, que às vezes é extrema e traz problemas para as pessoas que convivem com ela. De um lado, a total falta de energia e do outro aquela pessoa que faz mil coisas ao mesmo tempo”, explica Ana.

O TRATAMENTO

É necessário a visita a um psiquiatra e, por via de regra, faz-se uso de medicação. “Ele vai poder entender se é bipolaridade e qual o tipo de transtorno. O profissional faz uma anamnese do paciente para entender todo o seu histórico. “Geralmente associa-se a psicoterapia e o exercício físico, para que a pessoa tenha uma redistribuição dessa energia”, explica Ana Laura.

“O tratamento visa a estabilização do humor na tentativa de impedir novas fases e para isso são utilizados o carbolitium (ainda padrão ouro para o tratamento), alguns anticonvulsivantes e antipsicóticos de segunda geração. Muitas vezes há a necessidade da combinação de fármacos. As medicações devem ser continuadas, mesmo que o paciente esteja se sentindo bem”, enfatiza a Dra. Elaine.

A psicoterapia constitui uma parte efetiva do tratamento: existem várias técnicas e a ideia é auxiliar a pessoa a entender e aceitar sua doença, a identificar sinais precoces de ciclagem e a identificar emoções e situações potencialmente deflagradores de crises. O tratamento deveria também incluir terapias de ritmo interpessoal e terapia familiar.

AJUDA DA FAMÍLIA

Nessa instabilidade de humor, a família deve procurar, em primeiro lugar, orientação profissional. “Causa uma angústia para família. Então, é necessário entender que o transtorno é uma doença e que a pessoa está sofrendo, que muitas das vezes não quer gerar sofrimento, e está fora de si”, explica Ana.

Além do tratamento, alguns hábitos e práticas podem ser beneficiais:
1- Atividade física regular: exercícios aeróbicos ajudam nos sintomas ansiosos e depressivos, promovem qualidade de sono e o bem-estar, entre os benefícios já tão reconhecidos. Atividades como ioga e pilates também são recomendadas para esse caso.
2- As alterações no humor podem ocorrer mesmo com tratamento adequado, então fazer afetivograma (life charts) pode auxiliar a observação a longo prazo.
3- Familiares e pessoas próximas, que entendem a doença, ajudam na manutenção do tratamento, na manutenção de horários regulares de sono/alimentação/atividade física e no reconhecimento precoce dos primeiros sinais de ciclagem.

 

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Fonte revistaglamour
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