Movimentos sociais ocupam sede da Bolsa em ato contra fome
Liderados pelo MTST, manifestantes protestam contra inflação e desemprego e responsabilizam governo Bolsonaro pela crise. Prédio da Bolsa de Valores em São Paulo foi escolhido por ser "símbolo da desigualdade social".
Membros do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e de outros movimentos sociais ocuparam nesta quinta-feira (23/09) a sede da Bolsa de Valores brasileira, a B3, no centro de São Paulo, em um protesto contra o desemprego, a inflação e a fome.
O local da manifestação foi escolhido por ser “o maior símbolo da desigualdade social” no país, afirmou o MTST nas redes sociais. “Enquanto as empresas lucram, o povo passa fome, e o trabalho é cada vez mais precário. Quem segura o Bolsonaro lá são os donos do mercado.”
As ações das grandes empresas estavam em alta até meados do ano. Em junho, mesmo em meio à crise causada pela pandemia de covid-19, a B3 bateu recordes e chegou a acumular oito altas seguidas, na maior série de ganhos em três anos. Enquanto isso, milhões de brasileiros de classes mais pobres sofrem com a fome e o desemprego.
Após ter deixado o mapa da fome da ONU em 2014, o país tem convivido com um cenário de crescente insegurança alimentar. A fome atingiu 19 milhões de brasileiros na pandemia em 2020, e mais da metade dos domicílios no país enfrentou algum grau de insegurança alimentar, segundo um estudo nacional realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).
Segundo o MTST, o ato desta quinta-feira foi pacífico e simbólico, visando chamar atenção para o problema agudo da desigualdade no país, agravado pelas políticas do governo do presidente Jair Bolsonaro, afirmam os manifestantes.
“Estamos aqui para denunciar o que acontece no país e a política por trás disso. Em um ano, o número de milionários dobrou, enquanto aumentou a miséria. Não é possível que 99% da população empobreça para que 1% enriqueça”, disse Debora Pereira, liderança do MTST, ao portal de notícias G1. “Este é um grito que estava engasgado na garganta de quem vai no supermercado.”
Os manifestantes, que chegaram a ocupar o térreo do prédio da B3, erguiam cartazes com dizeres como”Fora, Bolsonaro”, “Tem gente ficando rica com a nossa fome” e “Sua ação financia nossa miséria”. “Tá tudo caro, e a culpa é do Bolsonaro” era o mote do protesto.
Fotos e vídeos publicados em redes sociais ainda mostram alguns ativistas carregando ossos bovinos: “Até osso, que era dado em açougue, agora é vendido”, justificou Pereira ao G1.
Segundo informações da B3 à imprensa brasileira, o protesto foi pacífico.
ek (ots)