Morre o diretor de teatro Aderbal Freire-Filho, marido de Marieta Severo
Artista tinha complicações de saúde desde 2020, quando sofreu um AVC hemorrágico
O diretor teatral, ator e apresentador de TV Aderbal Freire-Filho morreu, nesta quarta-feira (9), aos 82 anos. O artista estava internado no Hospital Copa Star, na zona sul do Rio de Janeiro. Ele tinha complicações de saúde desde 2020, quando sofreu um AVC hemorrágico. Aderbal era marido de Marieta Severo, com quem se casou em 2004. A morte foi confirmada a Quem pela assessoria do artista e também pelo hospital.
“O Hospital Copa Star lamenta a morte do paciente Aderbal Freire Filho, na tarde desta quarta-feira, e se solidariza com a família e amigos por essa irreparável perda”, diz o comunicado.
O velório será realizado no Teatro Poeira, em Botafogo, na manhã de quinta-feira (10). A cremação será no Memorial do Carmo, no Caju, à tarde.
Carreira
Nascido em Fortaleza, no Ceará, Aderbal se formou em Direito, mas, desde os anos 50, fazia parte de grupos de teatro. Sua primeira direção é O Cordão Umbilical (1972). Um ano depois, dirigia um de seus grandes sucessos: o monólogo Apareceu a Margarida, estrelada por Marília Pêra.
Escritor de espetáculos
Entre as peças que escreveu estão Lampião, Rei Diabo do Brasil (1991), No Verão de 1996 (1996), Xambudo (1998), Isabel (2000) e Depois do Filme (2011).
Ativismo
O artista foi um defensor da integração do teatro brasileiro com os de países da América do Sul e passou os últimos anos encenando peças entre o Brasil e o Uruguai. Em 2018, recebeu, inclusive, o título de visitante ilustre pela Câmara Municipal de Montevidéu. Desde a década de 1980, montava espetáculos na Argentina, Colômbia, entre outros. A peça Mão na Luva, de Oduvaldo Vianna Filho, foi vencedora, no Uruguai, do Prêmio Florencio de melhor espetáculo estrangeiro em 1985.
Em 2017, como conselheiro, lutou pela sobrevivência da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, a Sbat, que passava por crise financeira, classificando a associação de autores como “pioneira nas Américas”.
Na virada da década 1980, Aderbal se estabeleceu no Teatro Glaucio Gill, até então desativado, com uma companhia de teatro. Estreou em 1990, com A Mulher Carioca Aos 22 Anos. No local, também encenou peças de grandes figuras nacionais, como O Tiro que Mudou a História, sobre Getúlio Vargas, e Tiradentes, Inconfidência no Rio, sobre o conspirador mineiro. Em 1994, o governo do Estado do Rio expulsou a companhia do teatro.
Desde então, Freire encenou suas obras em diversos outros teatros pela cidade, em adaptações de Vinicius de Moraes e clássicos de Shakespeare, como Macbeth e Hamlet, este último estrelado pelo ator Wagner Moura.
Atuação
Após mais de uma década fora dos palcos, em 2011, voltou a atuar no espetáculo Depois do Filme, que também dirigiu e escreveu. Em 2013, recebeu o Prêmio Shell de Teatro na categoria Melhor Diretor pela montagem da peça Incêndios, que tinha Marieta Severo como protagonista.
Apresentação de TV e vida acadêmica
Além de ator e diretor, Aderbal foi apresentador, de 2012 a 2016, do programa Arte do Artista, na TV Brasil. Também seguiu com sua vida acadêmica: foi professor na Casa das Artes de Laranjeiras, na Escola de Teatro Martins Pena e na Faculdade de Letras da UFRJ, além de coordenar um curso de pós-graduação lato sensu na Escola de Comunicação da UFRJ.