Lira conversa com Skaf, e manifesto da Fiesp que pede pacificação entre Poderes é adiado
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), entrou em campo para atenuar o impacto político de um manifesto da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que pede a pacificação entre os três Poderes. Lira conversou por telefone no fim de semana com Paulo Skaf, presidente da Fiesp.
Após a investida de Lira, a divulgação do documento — que teve origem na Federação Nacional dos Bancos (Febraban) e já havia reunido até ontem mais de 200 assinaturas — deve ser adiada para depois do feriado de 7 de Setembro, quando serão promovidos atos convocados pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.
O adiamento do manifesto, previsto para ser publicado amanhã, foi considerado um “tratoraço” do governo federal, segundo representantes de associações empresariais. A data final estabelecida pela Fiesp para receber adesões ao documento era sexta-feira, dia 27, até às 17h. Skaf adiou esse prazo com o argumento de que era necessário ampliar devido ao grande número de entidades patronais que desejam assinar o manifesto, mas precisam antes cumprir um ritual interno de aprovação da iniciativa em suas assembleias ou conselhos.
Ainda filiado ao MDB, Skaf é considerado por bolsonaristas um aliado em São Paulo. Embora tenha calibrado nos últimos meses a associação com o presidente, ele mantém um canal de diálogo com o Palácio do Planalto.
A versão do texto que saiu da Febraban era um pouco mais enfática na crítica, mas também não citava o nome do presidente da República. Segundo informações de signatários, a versão final ainda estava sendo redigida. Abaixo uma versão inicial que circulou antes da divulgação oficial:
A Praça é dos Três Poderes
A Praça dos Três Poderes encarna a representação arquitetônica da independência e harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, essência da República. Esse espaço foi construído formando um triangulo equilátero, cujos vértices são os edifícios- sede de cada um dos poderes. Esta disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais. Em resumo, a harmonia tem de ser a regra entre eles.
Este princípio está presente de forma clara na Constituição Federal, pilar do ordenamento jurídico do país. Diante disso, é primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição impõe.
As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades publicas. O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população. Mais do que nunca, o momento exige do Legislativo, do Executivo e do Judiciário aproximação e cooperação. Que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Este é o anseio da Nação brasileira.