Jornalista culpa Estado colombiano por estupro e sequestro perante a Corte IDH

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A jornalista Jineth Bedoya, ganhadora do Prêmio Mundial de Liberdade de Imprensa da Unesco, responsabilizou nesta segunda-feira (15) perante a Corte Interamericana dos Direitos Humanos o Estado colombiano pelo sequestro, estupro e tortura sofrido por ela há mais de duas décadas.

“Minha vida foi destruída, eles me mataram na manhã de 25 de maio (2000), e ganhei coragem refugiando-me no jornalismo, que tem sido meu oxigênio para seguir em frente”, afirmou Bedoya durante uma audiência virtual diante de juízes da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Segundo seu depoimento, na ocasião ela trabalhava para o jornal El Espectador, quando um grupo de paramilitares a sequestrou em frente ao presídio La Modelo, de Bogotá, e a torturou e estuprou por 16 horas, antes de deixá-la nua às margens de uma rodovia.

Bedoya investigava uma rede de tráfico de armas no presídio e seu sequestro ocorreu com a cumplicidade de agentes do Estado, especialmente um general “influente” da Polícia, segundo o relato.

Os paramilitares, alguns já condenados pelo ocorrido, eram milícias da extrema-direita que combateram ferozmente os guerrilheiros de esquerda na Colômbia, até sua desmobilização em 2006.

A audiência pública diante do órgão judicial da Organização dos Estados Americanos (OEA) ainda está em andamento e ainda não há data para a decisão final da Corte.

Por mais de duas décadas, Bedoya afirma ter sido vítima de “constantes perseguições, intimidações (e) ameaças”, sem que seu caso fosse esclarecido.

A jornalista apelou por medidas de proteção para ela e para a mãe, assim como pelo fechamento do presídio La Modelo, “espaço de onde se ligava todo o crime do país naquele momento” e “símbolo da impunidade”.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), entidade autônoma da OEA, encaminhou este caso à Corte em 2019, considerando que o Estado colombiano não cumpriu as recomendações feitas para investigar o ocorrido e adotar medidas de não repetição, proteção, prevenção e reparação de danos.

Segundo a Comissão, o Estado sabia do risco que a jornalista corria, mas não agiu para protegê-la.

Em resposta ao que considerou uma “falta de objetividade” por parte dos juízes, o representante do Estado colombiano, Camilo Gómez, se retirou da audiência e anunciou que solicitará recurso.

O caso de Bedoya é emblemático da violência sexual derivada do conflito armado, que em seis décadas deixou mais de nove milhões de vítimas.

As decisões da Corte Interamericana, com sede em San José, Costa Rica, são definitivas e irrecorríveis.

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Fonte yahoo
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