Governo e Prevent Senior tinham acordo para divulgar Kit Covid, diz advogada
Plano de saúde adotou a medida como uma forma de reduzir custos
O depoimento da advogada Bruna Morato, que representa 12 médicos que fizeram denúncias contra a Prevent Senior, foi ouvido hoje na CPI. A jurista afirmou que a prescrição do chamado Kit Covid era uma estratégia de redução de custos da empresa.
Bruna disse que um dos diretores da Prevent Senior, identificado como Felipe Cavalca, encaminhou mensagens orientando médicos do plano de saúde a não informar a pacientes e familiares sobre os riscos do chamado tratamento precoce.
Para os senadores da Comissão, ela afirmou que foi informada que o Governo Federal não queria adotar o lockdown e que, por isso, pediu ajuda à operadora para tentar validar a eficácia do kit Covid e evitar o fechamento da economia. Além disso, informou que o diretor da Prevent Senior, Pedro Batista Júnior, tinha interesse em aproximar a empresa do Ministério da Economia.
“O objetivo era que as pessoas tivessem a impressão de que existia um tratamento eficaz contra a Covid-19. Eles tinham a intenção de dizer que se as pessoas ficassem doentes elas tinham tratamento, desde que esse tratamento fosse feito. Esse tratamento recebeu nome de tratamento precoce. As pessoas recebiam o kit, tinham que tomar e supostamente estavam salvas de qualquer complicação”, apontou Morato.
A defensora dos médicos entregou um compilado de documentos e informações aos parlamentares e afirmou que os funcionários faziam a prescrição dos fármacos para driblar demissão e, tentavam alertar os pacientes sem que a diretoria percebesse. “Chegou a um ponto tão lamentável, na minha opinião. Esse kit era composto por 8 itens. O plantonista dizia para o paciente: “Preciso te dar. Se eu não der, sou demitido. Se você for tomar, toma só as vitaminas e proteínas. Os outros (remédios) além de não terem eficácia, são muito perigosos'”, contou Bruna.