FMI espera que economia argentina ‘comece a crescer’ no segundo semestre
O FMI segue acreditando que o plano de ajuste da Argentina está dando “resultados melhores que o esperado” e prevê que economia “comece a crescer” no segundo semestre do ano, afirmou uma porta-voz da organização financeira nesta quinta-feira, 16.
O Fundo Monetário Internacional está satisfeito com os avanços realizados desde que o presidente ultraliberal Javier Milei assumiu o cargo, em dezembro, com um objetivo: cortar drasticamente o gasto, em seu plano denominado “motosserra”.
“O forte envolvimento e a aplicação decidida por parte das autoridades de seu plano de estabilização estão dando resultados melhores que o esperado”, afirmou Julie Kozack, diretora de comunicações do Fundo, durante entrevista coletiva em Washington.
Kozack citou o primeiro superávit fiscal trimestral em 16 anos, a “rápida recuperação” das reservas internacionais e uma melhora no balanço do Banco Central, assim como uma rápida redução da inflação, que passou de 25% em dezembro para cerca de 8,8% em abril.
Desta forma, a porta-voz reafirmou as conclusões da equipe técnica do FMI, que chegou a um acordo com a Argentina esta semana sobre a oitava revisão do pacote de ajuda que permitirá a entrega de US$ 800 milhões (R$ 4,1 bilhões), assim que a diretoria aprovar a medida.
É a primeira revisão “em que se cumpriram todos os critério” do programa creditício da Argentina com o Fundo, em virtude do qual o país recebe US$ 44 bilhões (R$ 225 bilhões) em 30 meses em troca de que o país aumente suas reservas internacionais e reduza o déficit fiscal.
“Famílias trabalhadoras”
“Todos esses são passos importantes na direção correta e esperamos que a economia comece a crescer novamente na segunda metade deste ano”, mas “o caminho a se percorrer segue sendo difícil”, acrescentou a porta-voz.
O FMI estima que o governo deve atacar a crise em três frentes: fiscal, monetária e a realização de reformas para gerar emprego formal e atrair investimento privado.
Em nível fiscal, deve melhorar a eficiência do sistema tributário, mas também “seguir garantindo que a assistência social seja suficiente e esteja bem organizada para proteger os mais vulneráveis” e assegurar de que a carga do ajuste “não recaia desproporcionalmente sobre as famílias trabalhadoras”.
A política monetária “deverá seguir evoluindo para aplacar a inflação” e a cambial “deverá se tonar mais flexível com o tempo”, declarou Kozack.
A porta-voz, no entanto, não mencionou o controle cambial que Milei quer suspender, ou seja o controle de câmbios vigente desde 2019 que limita o acesso a dólares em um país onde a moeda americana serve como porto seguro para a poupança.
No entanto, ela disse que “serão necessárias mudanças nas políticas à medida que os controles cambiais forem gradualmente relaxados” e as autoridades fizerem a “transição” para um novo regime em que “o peso e outras moedas, como o dólar americano, possam coexistir e ser livremente utilizados”. Isso é o que está acontecendo no Peru e no Uruguai, disse ela.
Ela também não mencionou que o FMI emprestaria à Argentina mais dinheiro do que o acordado no programa de crédito.
“As discussões atuais com as autoridades estão concentradas nessa revisão em andamento”, disse a porta-voz.