Ficou sabendo? FMI diz que ‘não pode descartar’ recessão; moedas desvalorizam
Kristalina Georgieva disse que o Fundo cortará nas próximas semanas sua previsão de 3,6% para o crescimento econômico global em 2022.
Chefe do FMI diz que “não pode descartar” possível recessão global
A chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse nesta quarta-feira (6) que as perspectivas para a economia global “obscureceram significativamente” desde abril e que ela não pode descartar uma possível recessão global no próximo ano devido aos elevados riscos.
A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse à Reuters que o Fundo cortará nas próximas semanas sua previsão de 3,6% para o crescimento econômico global em 2022 pela terceira vez neste ano, acrescentando que os economistas do FMI ainda estão finalizando os novos números.
O FMI deve divulgar sua estimativa atualizada para 2022 e 2023 no fim de julho, depois de ter reduzido sua previsão em quase 1 ponto percentual em abril. A economia global cresceu 6,1% em 2021.
“Estamos em águas muito agitadas”, comentou ela. Quando questionada sobre uma recessão global, Georgieva disse que “o risco aumentou, então não podemos descartá-lo”.
Georgieva afirmou que “vai ser um ‘22 difícil, mas talvez um 2023 ainda mais difícil”, acrescentando que “os riscos de recessão aumentaram para 2023”.
Ela disse que um aperto mais duradouro nas condições financeiras complicará as perspectivas econômicas globais, mas acrescentou ser crucial controlar a alta dos preços.
A perspectiva global está mais heterogênea agora do que há apenas dois anos, com países exportadores de energia, incluindo os Estados Unidos, numa situação melhor, enquanto os importadores estão passando por dificuldades, disse Georgieva.
Moedas de emergentes sofrem desvalorização generalizada
As moedas de mercados emergentes sofrem uma desvalorização generalizada diante da dupla ameaça de aumento de juros e recessão nos EUA que leva operadores de câmbio a correrem para a segurança do dólar.
O MSCI Emerging Markets Currency Index caiu cerca de 4,5% este ano a caminho de sua maior perda anual desde 2015. Na Ásia, o peso filipino liderou os declínios na quarta-feira, caindo para o nível mais baixo em 17 anos, enquanto o won sul-coreano caiu para o nível mais fraco desde 2009. A lira turca liderou as perdas na Europa emergente, Oriente Médio e África.
As perdas na Ásia seguiram as de outras regiões emergentes na terça-feira. O fortalecimento do dólar levou o peso colombiano a se desvalorizar até 2% para um nível recorde.
“Os mercados emergentes sofrerão no ambiente atual, seja por conta de taxas mais altas nos mercados desenvolvidos ou um crescimento global mais fraco”, disse Win Thin, chefe global de estratégia cambial da Brown Brothers Harriman em Nova York, em uma nota de pesquisa. “Seja lá como for, será ruim para emergentes.”
Todas as 23 principais moedas de mercados emergentes monitoradas pela Bloomberg se enfraqueceram no mês passado, após o Federal Reserve elevar sua taxa de referência em 1,25 ponto percentual nas duas últimas reuniões. O presidente Jerome Powell disse que o banco central pode subir os juros em mais 0,5 ou 0,75 ponto percentual na reunião de julho.
As moedas asiáticas permanecem vulneráveis mesmo que os bancos centrais regionais intensifiquem o ritmo de aperto, a menos que estejam dispostos a contemplar taxas de juros reais positivas, disse Wee Khoon Chong, estrategista sênior de mercado do Bank of New York Mellon em Hong Kong, em uma nota de pesquisa.
A deterioração do sentimento do consumidor e o aumento de juros aumentaram as chances de uma recessão nos EUA no próximo ano para 38%, de acordo com as últimas previsões da Bloomberg Economics.
“O ambiente não é muito favorável para os emergentes”, disse Eugenia Victorino, chefe de estratégia para Ásia no Skandinaviska Enskilda Banken em Singapura. “Uma melhora nas perspectivas de crescimento global será necessária para mudar o sentimento em relação ao dólar, e pode ser que isso aconteça apenas no ano que vem.”
Vendas da Tesla na China disparam em junho, diz associação
A fabricante de veículos elétricos dos Estados Unidos Tesla vendeu cerca de 78 mil veículos fabricados na China em junho, mostraram estimativas preliminares publicadas pela Associação de Carros de Passageiros da China (CPCA) nesta quarta-feira.
O dado representa um aumento de 142% em relação a maio, quando a Tesla vendeu 32.165 carros fabricados na China. Sobre o mesmo mês do ano passado, o aumento foi de 135%.
A fábrica da Tesla em Xangai, o centro econômico da China, foi gravemente afetada no segundo trimestre por um lockdown que forçou a instalação a interromper produção por 22 dias a partir do final de março.
A unidade, que produz os modelos Model 3 e Model Y, reabriu em 19 de abril e retomou exportações em 11 de maio, enfrentando dificuldades para recuperar a produção aos níveis pré-bloqueio.
Os problemas na China foram considerados como um fator que levou a Tesla a ter queda trimestral de 18% nas vendas do segundo trimestre, encerrando uma série de quase dois anos de vendas trimestrais recordes.
No mês passado, a Reuters citou um memorando interno da Tesla que mostrava que a companhia planejava montar mais de 71 mil veículos na fábrica de Xangai em junho.
A CPCA estima que 1,926 milhão de carros foram vendidos na China em junho, um aumento de 22% em relação ao ano anterior apoiado por medidas de incentivo de autoridades locais.
Os veículos elétricos, em particular, tiveram fortes vendas no período na China. A associação disse que as vendas da categoria no mês passado somaram 546 mil veículos, um aumento de 130% em relação ao ano anterior, liderado pela montadora chinesa BYD, que a CPCA estimou ter vendido 134 mil veículos durante o mês.