CPI da Covid fará acareação entre Luis Miranda e Onyx Lorenzoni
Senadores querem “confrontar as versões” de faturas enviadas à Saúde em negociação da Covaxin
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado aprovou a realização de uma acareação entre o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), e o deputado Luis Miranda (DEM-DF). O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou ao Poder360 que marcará a sessão para o confronto de versões já na semana que vem.
O requerimento da acareação é de autoria do vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que o protocolou no sistema eletrônico nesta 4ª. Aziz colocou o pedido em votação durante o depoimento do diretor executivo da Vitamedic, Jailton Batista, num momento em que havia poucos senadores no plenário da CPI.
Em entrevista a jornalistas após a oitiva, Randolfe afirmou que a comissão deve realizar a acareação entre Lorenzoni e Miranda na próxima 4ª feira (18.ago), na véspera do depoimento do dono da Precisa Medicamentos, Francisco Emerson Maximiano, previsto para 5ª feira (19.ago).
A empresa era representante do laboratório indiano Bharat Biotech na negociação da vacina Covaxin com o Ministério da Saúde. O Bharat Biotech rescindiu o contrato com a Precisa depois que a participação da farmacêutica brasileira na tratativa entrou na mira da CPI, da CGU (Controladoria-Geral da União), do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.
Segundo o vice-presidente da CPI, a urgência para votar o requerimento da acareação se deve à chegada de novos documentos e informações fruto de quebras de sigilo da Precisa.
Ao Poder360, Aziz disse que o objetivo da acareação é “confrontar as versões” de Lorenzoni e Miranda sobre as diferentes faturas internacionais, conhecidas como “invoices”, que a Precisa enviou à Saúde no processo de negociação da Covaxin.
Em depoimento à CPI, o deputado e seu irmão, o servidor da Saúde Luis Ricardo Miranda, apresentaram uma das versões da fatura que previa pagamento antecipado a uma operadora logística do Bharat Biotech com sede em Cingapura, a Madison Biotech, como indício de irregularidade no processo da Covaxin.
Já Lorenzoni, à época ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, disse em entrevista a jornalistas que os irmãos Miranda teriam falsificado a fatura para atingir o governo federal.
Procurado pelo Poder360, Luis Miranda declarou que todos os documentos que apresentou à CPI eram oficiais e não tem “nada a esconder”. “Infelizmente, meu colega Onyx, para defender o governo, apresentou uma ‘invoice’ que já é tida como falsa”, completou.
“A CPI quer ter o fato dentro do processo interno para, provavelmente, imputar a ele falsificação de documento processual, principalmente nessa questão de Saúde. Isso é bem grave. E algumas alegações falsas e fake news administradas por ele naquela entrevista coletiva”, afirmou o deputado.
Miranda acrescentou ainda que nunca falou diretamente com Lorenzoni sobre suas acusações de irregularidades no processo da Covaxin, cujo contrato foi cancelado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
A negociação para compra da Covaxin jamais foi concluída.