Carros são arrastados por enchente em Realengo e destroem muros de casas
RIO — A chuva da madrugada deste domingo (01) causou grandes estragos em Realengo, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Alguns moradores perderam todos os móveis e eletrodomésticos de casa, e vários carros foram arrastados para dentro da galeria fluvial.
Na rua João Francisco, no sub-bairro Barata, cerca de sete carros foram levados pela força da água para dentro de um córrego. Dois deles colidiram com uma casa, derrubando seu muro.
Na Rua Ocaibi, ao menos quatro carros foram parar debaixo de um canal. Um deles era visto por meio de um bueiro, em frente a um depósito de águas.
— Cheguei para ajudar o pessoal, pensando que tinha vítimas. Mas graças a Deus, não havia — disse aliviado o pedreiro Ivair Trindade, de 49 anos: — Nem sabemos quem são os donos desses veículos.
Na mesma rua, uma casa de três andares desabou por volta das três horas da madrugada. Os moradores não estavam na residência. O cachorro da família, porém, foi soterrado.
Prejuízo incalculável
O luthier e baixista Márcio Paes, de 40 anos, perdeu todos os móveis e eletrodomésticos, além de ter tido seu carro inundado pela lama. Ele contou que passou a noite de sábado em um bar e voltou para casa por volta de uma hora da madrugada, porém não conseguiu entrar na rua, porque a água já estava na altura da cintura.
— Conseguimos entrar às 3h40 para tentar tirar a lama. Perdi meus equipamentos de trabalho e, agora, acredito que não vou mais conseguir vender meu carro, como estava tentando. Nunca vi nada semelhante por aqui — lembrou.
Denise Silva, de 52 anos, também teve um grande prejuízo — perdeu camas, armários e dois carros. Ela estava dormindo quando foi acordada pelo filho, que notou que a água da chuva estava entrando pelos ralos:
— Ficamos sentados na janela vendo tudo boiar. Apesar de tudo, ninguém se feriu.
Susto ainda maior foi o do militar Wilson da Silva, de 57 anos, que mora com a esposa, três filhos e uma nora. Ele acordou com o barulho da água entrando em casa e não conseguiu abrir as portas para deixar o local:
— Não conseguíamos sair. Arrancamos uma janela e nos abrigamos na casa de um vizinho. Eu perdi tudo! Menos a minha família.
O encarregado da Comlurb Johnny Pereira, de 33 anos, contou que sua equipe estava fazendo a limpeza do sambódromo quando foi deslocada para a região.
— Tiramos três caminhões, um total de 15 toneladas, apenas com pertences das vítimas da enchente, entre móveis e eletrodomésticos — disse.