Bolsonaro veta nomear rodovia como “Presidente João Goulart”

Alegou “contrariedade ao interesse público” para vetar projeto de nomeação de trecho

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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou nesta 5ª feira (14.out.2021) a nomeação de um trecho de rodovia como “Presidente João Goulart”. A homenagem tinha sido aprovada no ano passado e indicava o trecho da BR-153 entre Cachoeira do Sul (RS) e Marabá (PA).

O presidente afirma que a homenagem a Jango “contraria o interesse público”. O ex-presidente foi o chefe do Executivo brasileiro de 1961 a 1964. Ele foi destituído no Golpe Militar –defendido e comemorado por Bolsonaro.

No veto, publicado no Diário Oficial da União, Bolsonaro afirma que consultou os ministros Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Ciro Nogueira (Casa Civil). O presidente afirma que entre os motivos está o fato de que a Rodovia Presidente João Goulart iria perpassar 8 Estados, o que não consideraria “as especificidades e as peculiaridades de cada Estado”.

Outro motivo seria o fato de uma única figura histórica ser homenageada. “Poderia representar descompasso com os anseios e as expectativas da população de cada unidade federativa abrangida pela Rodovia.”

Além disso, o despacho de veto de Bolsonaro afirma: “Ademais, busca-se que personalidades da história do País possam ser homenageadas em âmbito nacional desde que a homenagem não seja inspirada por práticas dissonantes das ambições de um Estado Democrático”.

O documento não explica como a homenagem a Jango ao nomear o trecho da rodovia seria de alguma forma contra as ambições democráticas. Eis a íntegra do veto (460 KB).

Jango foi eleito vice-presidente duas vezes. Ele assumiu a Presidência depois da renúncia de Jânio Quadros, em 1961. Com o Brasil em crise, o sistema parlamentar foi instituído, com o primeiro-ministro sendo Tancredo Neves. Mas, por plebiscito, o presidencialismo voltou em 1963.

Na época, o Brasil já estava às margens do golpe, que ocorreu em 1964. Jango se exilou no Uruguai.

Apoiadores da ditadura afirmam que o golpe foi uma forma de defender o Brasil do comunismo. Jango seria uma “ameaça comunista”, versão negacionista da história sem comprovação.

“Político habilidoso, dono de uma oratória vibrante e apaixonada, Jango, como ficou conhecido, foi um dos maiores líderes do antigo PTB, Partido Trabalhista Brasileiro, gestado sob a inspiração de Getúlio Vargas, por muitos considerado o fundador do Estado brasileiro”, justificou a homenagem o então senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), no texto original da proposta. Eis a íntegra do projeto (25 KB).

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Fonte poder360
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