Bolsonaro ironiza paralisação de jornalistas por reajuste: “Fica em casa”
Presidente disse que “todo mundo está pagando o preço alto” e culpou restrições adotadas na pandemia
O presidente Jair Bolsonaro falou nesta 5ª feira (11.nov.2021) sobre o pedido de jornalistas de São Paulo por reajuste salarial de 8,9% para a categoria. O chefe do Executivo ironizou a paralisação realizada pelos profissionais na 4ª feira (10.nov) e sugeriu que ficassem em casa, em referência às recomendações sanitárias contra o avanço do novo coronavírus.
“Estou vendo aqui jornalista da Globo, Folha e Estado de S.Paulo pedindo reajuste de 9% para ‘todes’, é isso mesmo? Para ‘todes’. Vamos aderir aqui à linguagem deles, afinal de contas… Um conselho para vocês: fica em casa, pô. Vocês não recomendaram esse tempo todo para o povo trabalhador? Fica em casa”, disse em live nas redes sociais.
Crítico de medidas restritivas recomendadas por autoridades sanitárias na pandemia, Bolsonaro disse que a imprensa e “todo mundo está pagando o preço alto” das políticas de restrições. As medidas de isolamento foram uma das principais ações de combate à covid-19 recomendadas por autoridades sanitárias para frear o contágio pelo vírus enquanto os imunizantes ainda estavam em desenvolvimento.
“As consequências daquela história que vocês, imprensa, falaram tanto do ‘fica em casa e a economia a gente vê depois’ está servindo também para a imprensa. Todo mundo está pagando o preço alto em cima disso”, disse.
Bolsonaro também repetiu que a inflação é um desafio enfrentado no “mundo todo”. “Inflação está aí no mundo todo, inclusive alguns produtos [têm] desabastecimento. A gente pede a Deus que não se agrave mais ainda esse problema”, declarou.
A inflação oficial do país chegou a 8,24% no acumulado do ano, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 12 meses, a taxa subiu de 10,25% em setembro para 10,67% em outubro. Esse é o maior patamar desde janeiro de 2016, quando chegou a 10,71%. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 1,25% em outubro.
Na live desta 5ª feira, Bolsonaro reafirmou o compromisso do governo de prorrogar a desoneração da folha de pagamento de setores de economia. Ele disse que os órgãos de imprensa serão beneficiados pela medida e negou perseguição à categoria.
“Nessa de desoneração de folha, os grandes interessados são órgãos de imprensa, televisões. Vai ser estendido para vocês também. Não há da nossa parte perseguição aqui para com a imprensa brasileira”, disse.