Bandidos queimam trem e dezenas de ônibus no maior ataque ao transporte público do Rio de Janeiro

Segundo a Polícia Civil, os ataques foram uma reação de milicianos a uma operação que matou Matheus Resende, de 24 anos, o número 2 de uma milícia que atua na Zona Oeste.

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Os moradores do Rio de Janeiro viveram uma segunda-feira de caos e de terrorBandidos incendiaram 35 ônibus, carros de passeio e até um trem depois da morte de um miliciano da Zona Oeste da cidade.

São cenas de uma tarde em que a Zona Oeste do Rio viveu o terror. Mais de 30 ônibus e até carros de passeio foram incendiados em nove bairros: Santa Cruz, Paciência, Cosmos, Inhoaíba, Guaratiba, Campo Grande, Recreio, Sepetiba e Madureira, na Zona Norte. Só nesses locais vivem mais de 1 milhão de pessoas.

Quem passava pela região, registrava imagens assustadoras de veículos em chamas. Imagens mostram o momento em que um homem ateia fogo em um dos ônibus. Outra registra o desespero de passageiros fugindo às pressas de um ônibus que acabava de ser atacado pelos criminosos. Uma mulher chega a cair no chão e é socorrida.

Por questão de segurança, o sistema do BRT suspendeu a circulação de várias linhas que cruzam a Zona Oeste.

Em um local, o fogo acabou atingindo cabos de energia. Na Avenida Brasil, um caminhão foi colocado para interditar quatro pistas no sentido Santa Cruz. Um trem também foi atacado por bandidos.

Polícia Civil afirma que os ataques foram uma reação da milícia a uma operação que matou Matheus Resende, de 24 anos. Ele era sobrinho do chefe da milícia que atua nessa região e apontado como o número 2 na hierarquia do bando que domina e aterroriza moradores da Zona Oeste.

Na mesma operação, um menino de 10 anos, que estava dentro de casa, foi atingido na perna, levado para o hospital e já teve alta.

A Zona Oeste é o berço da milícia no Rio de Janeiro. Vários grupos disputam a hegemonia em alguns bairros da região em uma guerra violenta e sangrenta. A milícia impõe o medo enquanto explora os serviços básicos como gás, TV a cabo, transporte de vans, cobra taxas de comerciantes e até taxa de segurança dos moradores, que são obrigados a viver como reféns.

Foi o maior ataque a ônibus em um dia na história da cidade do Rio de Janeiro. E com muitos impactos, não só no trânsito e nos transportes, mas também no funcionamento do comércio, das escolas. As aulas em 45 escolas municipais da região foram afetadas, prejudicando mais de 17 mil alunos. Doze pessoas foram presas, suspeitas de participar dos ataques.

A operação da polícia e as reações dos criminosos levaram a cúpula da segurança do Rio a convocar uma entrevista coletiva com a presença do governador do estado. Foi preciso explicar por que uma operação pontual contra a milícia acabou permitindo que a insegurança tomasse conta de uma região inteira da cidade. Nas imagens feitas pelo Globocop, não se vê a presença ostensiva da polícia nas ruas e avenidas onde os ônibus foram incendiados.

“A partir do momento que nós soubemos, a polícia está toda nas ruas do Rio, tanto que fez as prisões. E esses criminosos já estão presos por ações terroristas. E como ações terroristas, estarão sendo encaminhados imediatamente para presídios federais. As nossas forças de segurança estão unidas, estão ativas e a população pode dar um voto de confiança”, afirmou Cláudio Castro, governador do RJ.

 

A onda de ataques a ônibus nesta segunda-feira (23) acontece em meio a uma crise de segurança no Rio. O assassinato de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, o ataque com uma bomba de fabricação artesanal dentro de um ônibus na Avenida Brasil e o uso de uma área de lazer como centro de treinamento de traficantes no Complexo da Maré, na Zona Norte da cidade. Episódios que fizeram o governo aceitar a ajuda do Ministério da Justiça.

Nesta segunda, mais 150 agentes da Força Nacional chegaram ao Rio para reforçar o patrulhamento nas rodovias federais do estado. Outros 155 homens já tinham chegado na semana passada.

Nessa segunda-feira, foi preciso enfrentar o caos e o medo para voltar para casa em segurança. Um dia em que o direito de ir e vir de muita gente foi impedido por criminosos.

Na noite desta segunda-feira (23), os bombeiros ainda tinham muito trabalho para a retirada das carcaças das vias e para apagar alguns incêndios. Os reflexos no trânsito da cidade eram enormes. As principais avenidas da Zona Oeste do Rio ainda tinham congestionamentos.

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