Após Bolsonaro defender estudos sobre medicamento para Covid-19, buscas por ‘proxalutamida’ alcançam pico de interesse no Google
Após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que vai cobrar do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, um estudo sobre a proxalutamida – medicamento anti-androgênico até então sem eficácia comprovada para tratamento da Covid-19 – as buscas pelo termo no Google explodiram e alcançaram o pico na manhã desta segunda-feira, com 100 pontos.
Segundo dados da plataforma Google Trends, que analisa as palavras mais pesquisadas, a proxalutamida mantinha uma média de interesse entre dois e quatro pontos até o início da manhã deste domingo. Após Bolsonaro receber alta do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, e defender o medicamento em conversas com jornalistas, as buscas já marcavam 54 pontos de interesse.
O nível médio de popularidade de busca varia de 0 a 100. Um valor de 100 representa o pico de popularidade de um termo ou palavra específica, já o valor de 50 significa que o termo teve metade da popularidade. Uma pontuação de 0 significa que não existem dados suficientes sobre o termo.
Além do nome do medicamento, outras buscas associadas a proxalutamida também tiveram um pico de interesse no Google. Entre os termos mais procurados pelos internautas estão: “proxalutamida quanto custa”, “proxalutamida covid-19” e “proxalutamida mecanismo de ação”. Mesmo com algumas variações, todos esses termos também alcançaram o pico de 100 pontos de interesse.
— (A proxalutamida) É uma droga que está sendo estudada e que em alguns países têm apresentado melhora. Existe no Brasil de forma não ainda comprovada cientificamente, de forma não legal, mas tem curado gente. Vou ver se a gente faz um estudo disso daí para a gente apresentar uma possível alternativa. Temos que tentar. Tem que buscar alternativas e, com todo respeito, eu não errei nenhuma. Até quando, lá atrás, eu zerei os impostos da vitamina D — afirmou o presidente ao sair do hospital em São Paulo.
A proxalutamida começou a ser associada a um possível tratamento para a doença em março, quando a agência reguladora americana (FDA) aprovou um pedido de investigação para uso do medicamento em casos de pacientes infectados pelo novo coronavírus.
No Brasil, também há estudos sobre a utilização do fármaco em pacientes infectados com o novo coronavírus, mas sem publicação em revistas científicas reconhecidas, com revisão de outros pesquisadores.
Em abril, Bolsonaro já tinha citado a proxalutamida, fármaco fabricado na China e estudado para o tratamento de câncer de próstata e de mama. Segundo o presidente, a droga já estaria sendo utilizada contra a Covid em outros países. Apesar disso, como mostrou a colunista Malu Gaspar, o estudo conduzido sobre o medicamento apresenta indícios de fraude e falhas graves.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente, também já havia defendido seu uso em uma rede social como “nova droga promissora contra a Covid”. Mas o medicamento ainda não foi aprovado por agência reguladora para seu uso contra a Covid, nem no Brasil (pela Anvisa), nem nos Estados Unidos (pela FDA), e tem apenas algumas drogas da família da proxalutamida com aprovação para o câncer de próstata.